por Anna Larissa Rodrigues

 

          Na noite de ontem, 10, no auditório Sertões da FLIM, aconteceu o bate-papo intitulado “Prosa e versos” com a participação de Fernanda Takai e mediação de Thays Pretty. A conversa contou com a participação da plateia, que com suas perguntas movimentou a conversa.

           Thays iniciou a noite colocando para o público todo o “currículo” de Fernanda Takai, que é cantora, compositora, cronista, autora de livros e mãe. “E ser mãe foi o que me deu esses superpoderes”, brincou Fernanda. A autora falou também sobre o protagonismo feminino em suas obras, que segundo ela, só foi intencional a partir do livro “O cabelo da menina”, que traz discussões muito pertinentes a todo o contexto cultural em que vivemos.

            Houve bastante interesse em saber da relação da autora com a cultura nipônica que vem de “Takai”. A cantora conta que só percebeu o tamanho da influência que recebeu da cultura japonesa depois de uma viagem ao Japão, quando viu que para além de “essa é minha avó, esse é meu avô”, o tanto que eles representavam uma cultura inteira. Houve então, por parte dela mais interesse em saber da história de sua família, e posteriormente essas características foram derramadas em suas produções, como, por exemplo, no livro infantil “A gueixa e o panda vermelho” ou nos livros de crônicas.

           Fernanda Takai contou como ser mãe transformou sua vida, dando-lhe “superpoderes” e uma maior capacidade em gerenciar seu tempo, o que a possibilitou uma abertura a mais para escrever. Vocalista da banda mineira Pato Fu há 25 anos, ela vê uma necessidade em renovar o estilo da banda depois que começou a frequentar eventos como espetáculos infantis, onde os pais não se mostravam interessados no conteúdo exposto, mas ela já sabia que as crianças gostavam de assistir aos vídeos da banda na internet, só não tinham acesso aos shows. Ela vê esse espaço que estava faltando para o entretenimento das famílias, e cria conteúdos como “Música de brinquedo”.

        Ao ser questionada sobre processo criativo, a compositora afirmou que como tem finalidades diferentes seus processos criativos são diferentes, mas a origem é a mesma. “Não desperdiço ideias, anoto tudo no caderninho, ou tiro fotos, ou o que dá pra fazer na correria”, o que, no entanto, para ela, não adianta se não separar um tempo para sentar e decidir que é hora de escrever. “Trabalhar com prazos, é bom porque evita procrastinação”. Ela contou sobre o sua fase de cronista semanal nos jornais. “Escrevi durante seis anos como cronista, e acho incrível essa forma de me comunicar”, e frisou que quanto mais fazia isso, menos doído ficava. “Escrever é exercício, quanto mais se faz, melhor se fica nisso”.

          A respeito de como vê o seu papel de artista mulher, que escrevendo e cantando influencia, a palavra que a vem a mente é “responsabilidade”. Ela disse sentir a responsabilidade em passar a mensagem certa, em “como eu digo aquilo que quero dizer”. “Só escrevo aquilo no que acredito”, e pretende influenciar outras meninas e mulheres a entrarem no mundo da música e da escrita.

            Aconteceu ainda muita conversa sobre a política cultural do país, que a entristece muito pelo desrespeito com os bens culturais nacionais; sobre como tem lidado com os comentários que recebe acerca de suas posições políticas que expõe na internet, inclusive depois que se encontrou com a ex-presidente Dilma Rousseff. “Esses comentários não me abalam mais como antes”. Fernanda foi aplaudida pela plateia.

            Fernanda Takai concluiu contando sobre sua motivação diária: “acreditar que o amanhã vai ser melhor”. Relatou que já sai da cama toda animada para fazer o que precisa logo ao primeiro toque do despertador. “Depois de tantos anos tem graça fazer shows ainda porque eu amo fazer isso”. Ela disse ser otimista e que enquanto estiver viva, tem graça viver. A fala foi encerrada com a cantora incentivando todos aqueles e aquelas que querem começar a se comunicar artisticamente a não procrastinar. “Comece já! Comece hoje mesmo quando chegar em casa. Mesmo que não mostre ainda para ninguém, comece a colocar no papel!”.

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