por Lucca Portolese

            No último domingo (25), encerraram-se as atividades da Festa Literária Internacional de Maringá. O autor convidado manteve o tema “resistências”. João Silvério Trevisan, autor do livro “Devassos no paraíso”, falou sobre sua experiência como pesquisador, escritor e ativista LGBT no território Brasileiro. Trevisan começa contando de sua volta ao Brasil pós exílio, de como o choque cultural afetou sua maneira de ver as coisas, que diferentemente dos Estados Unidos, “vivíamos em um certo clima de camaradagem por entre os lgbts”.

           Esse percurso o levou a escrever o livro, um estudo sobre a homossexualidade no Brasil. De relatos a conquistas, teve sua primeira edição publicada simultaneamente no Brasil e Europa. Hoje com sua 4ª edição, a obra está mais atualizada, com conquistas dos direitos lgbts alcançadas no século XXI, Trevisan também contou de seu outro livro “Pai, pai”, que diferente de “Devassos”, tem papel de “despir” o autor, por meio de personagens, e narrar um pouco de como foi sua infância naquela época. “Pai, pai” também serve como um relato de infância de um lgbt, já que Trevisan, homossexual assumido, faz questão de contar os detalhes dos preconceitos que sofria, não só por seu pai, mas por todos naquela época, já que era tachado desde muito cedo como uma “crianças maricas”.

           A segunda parte da palestra é direcionada a perguntas da plateia, quando João aproveitou para falar mais um pouco de sua vida no Brasil e da criação do Grupo Somos (Grupo de Afirmação Homossexual). Fundado em 1978, é considerado o primeiro grupo de defesa dos direitos dos lgbts. Ainda nesse tema de direitos, Trevisan foi questionado sobre a atual situação política do país, e de como isso afeta diretamente grande parte da população. Em um discurso simples, ele não se diz surpreso, já que “a vida de lgbt no Brasil nunca foi algo fácil”, e ainda reforçou: “Se achamos que a nossa luta acabou, é porque nunca acreditamos nela”. Ainda sobre o assunto, o autor disse como ainda devemos resistir e nunca desistirmos de alcançar a liberdade. O palestrante encerrou a mesa ainda contando um pouco do movimento “artivismo”, que é a combinação da arte com o ativismo, e complementou: “O papel da arte e da literatura é transgredir e representar”. O autor ainda comentou de dois livros que pretende finalizar. Um deles sendo o relato de um amor que o desestabilizou de grande forma. Outro, o histórico de evolução da doença de um grande amigo seu.

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