por Karina Soares e Paulo Cruz

A edição d’O Consoante trata do tema Educação. Ou serão direitos humanos? Há quem diga que educação engloba todos os âmbitos dos direitos inerentes aos seres humanos. Para Antônio Cândido, em seu texto “Direito à Literatura”, é possível visualizar uma tentativa do porquê devemos pensar nos direitos humanos posteriormente à educação: “porque pensar em direitos humanos tem um pressuposto: reconhecer que aquilo que consideremos indispensável para nós é também indispensável para o próximo”. O que falta, antes de tudo, é empatia. Depois deve-se absorver que a fim de construir uma boa sociedade para todos e todas é necessário investimento na educação, e para isso é preciso lutar, em prol de um todo, e não do individual. Pois todos, sem exceção, têm o direito a um ensino de qualidade, para que, assim, possamos aspirar a um futuro melhor.

E para fomentar a discussão, esta edição traz em seus textos uma análise do ambiente escolar e também os nossos direitos enquanto cidadãos em um ano repleto de proposta de mudanças em leis fundamentais e a esperança de novos anos de muita luta, pois como disse Paulo Freire: “Se a educação sozinha não transforma a sociedade, sem ela tampouco a sociedade muda”.

Das notícias de Brasília a O Consoante, Íngrid Lívero e Ramon Alves, no editorial opinativo, tratam sobre as ocupações que ocorreram nos colégios como forma de resistência dos alunos contra a MP 746/2016 (Reforma do Ensino médio), proposta pelo então Presidente Michel Temer. O Consoante reconhece a legitimidade das razões que motivaram as ocupações feitas pelos alunos, pois entende que a MP proposta sem um diálogo com os principais interessados pode ser prejudicial aos mesmos.

Fernanda Martins e José Aurélio, na primeira das reportagens, “Reformas: para onde irá nossa educação?”, tratam da MP 746/2016 em uma contextualização histórica, lembrando de outras reformas no ensino já ocorridas no Brasil, bem como citam a realidade do sistema de ensino em outros países, como o caso da Finlândia, país geralmente lembrado pela qualidade na formação básica dos alunos.

Em nossa segunda reportagem, Fernando Prezotto e Lucca Portolese desmistificam e esclarecem dúvidas sobre a profissão do professor em “Desafios da profissão professor: uma visão dos alunos em formação”.  A reportagem nos mostra como é a profissão docente e seus desafios do dia a dia, desfazendo possíveis dúvidas para os que querem seguir essa carreira ou os que não entendem algumas de suas peculiaridades.

Isabela Cristo e Matheus Gomes, em sua reportagem “Alunos da rede pública mostram-se preocupados com a situação política do país e lutam para uma educação de qualidade para todos”, nos revelam o fato de como os alunos têm se politizado cada vez mais, ficando engajados e usando do movimento estudantil para fazer valer sua opinião, inclusive contra a PEC 55 (antiga PEC 241), a “Reforma do Ensino Médio” e o projeto “Escola Sem Partido”. Eles comparam também o movimento estudantil com a luta dos estudantes no período comandado pelos militares, que também lutavam por um país mais justo e democrático.

A reportagem “A falta de interação dos pais na vida escolar dos filhos”, de Tayana Almeida e Ueysla, procura evidenciar como é dificultoso a formação dos alunos sem a presença de seus pais na vida escolar. Sabemos que a obrigação da escola é ensinar e a dos pais é educar, mas e quando um deles falta com a sua parte? A reportagem nos mostra os efeitos dessa ausência, de como isso pode influenciar na formação dos alunos.

O artigo de opinião de Allana Freitas e Ana Almeida faz uma avaliação de alguns aspectos necessários para incentivar os alunos em sala de aula e os professores no papel de lecionar. Um dos aspectos salientados pelas autoras como mais deficiente é a falta de uma formação continuada por parte dos professores, que muitas vezes criam lacunas no aprendizado por falta de informação básica para ser transferida para o aluno ou tornam as aulas maçantes e desestimulantes, o que incentiva mais ainda o aluno a não querer permanecer na escola e o confunde, pois cada professor teve uma formação diferente, o que torna problemática, já que o ideal seria profissionais capacitados sempre e com estímulos.

Em entrevista a Oscar Ribeiro e Flávia Bissi, o professor Rafael Carlos dos Santos, do Colégio Estadual Brasilio Itíberê, dialoga sobre a reforma do ensino médio bem como sobre algumas peculiaridades presentes na profissão. O professor Rafael analisa a MP 746/2016 e suas consequências. Uma vez que vive o dia a dia na educação pública, entende que mudanças deve haver, mas que devem ser frutos de diálogo.

Assim, o Consoante espera com essa 6ª edição oferecer a oportunidade de seus leitores refletirem sobre o quanto a educação é importante para a sociedade, e sobre o quanto não tem o devido tratamento da parte de quem deveria cuidar dela. Fica o convite à leitura para uma temática tão relevante, sobretudo no atual cenário político.

 

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