imagem: viagemturismo.abril.com.br

 

por Anna Julia Sbardelott

 

             O mês de janeiro trouxe significativas lembranças quando o assunto é a banda Legião Urbana. Em 2 de janeiro de 1985, era lançado o primeiro álbum que os revelou ao mundo, “Legião Urbana”. Dele, saíram alguns hits como “Geração Coca Cola” e “Será”. Dez anos depois, a banda de Brasília realizou seu último show em um 14 de janeiro em Santos, com direito a cover da banda Nirvana e a despedida da turnê do sexto disco “O descobrimento do Brasil”. Com o falecimento do vocalista e compositor Renato Russo em 1996, a Legião Urbana deixava seu legado e entrava para a história como uma das maiores bandas que a música brasileira já teve. Seja por suas letras atemporais, seja pela voz marcante de Renato.

             Dirigido por René Sampaio, Eduardo e Mônica foi lançado no último dia 20 de janeiro e conta a história de um casal que muitos brasileiros já conhecem desde 1986. O roteiro de Matheus Souza segue fielmente trechos da música, desde o encontro “sem querer” desse casal que tinha nada em comum. Gabriel Leone interpreta Eduardo, um jovem rapaz, criado pelo avô militar aposentado, e ainda um estudante se preparando para o vestibular. Alice Braga é Mônica, estudante de medicina lá pelos 20 e poucos anos, amante de arte, cultura e de sua moto. De realidades completamente diferentes, o encontro entre os dois parece ser obra do destino.

            Renato Russo inicia a canção com a questão que envolve toda a narrativa: “Quem um dia irá dizer que não existe razão nas coisas feitas pelo coração?”. Eduardo não tem medo de se envolver com Mônica, pelo contrário, quer experimentar o novo, o desconhecido. Já ela parece buscar motivos para não levar tudo tão a sério. Tentando superar a perda do pai, Mônica parece encontrar a calmaria em meio ao luto. Sua vida é um caos: mora no ateliê do pai, está prestes a ser médica e não se sente compreendida pela família que lhe restou, a mãe e a irmã. Seu refúgio acaba se tornando sua moto, conhaque e seus amigos. Observa-se que esses hábitos são comumente encontrados em personagens masculinos, Jim Stark, Danny Zuko, John Bender, Wade Cry-Baby.

              Perto de prestar o vestibular para Engenharia, Eduardo vive uma aventura ao lado da amada. “Fizeram natação, fotografia, teatro e artesanato e foram viajar”. Ela apresentava-lhe seus artistas preferidos, falava alemão, e “ele jogava futebol-de-botão com seu avô”. Mesmo tendo os gostos diferentes, a vontade de se ver era maior. Arranjavam tempo, desculpas, e acontecia como tinha de acontecer. Em uma mudança repentina, Mônica consegue um emprego no Rio de Janeiro e decide deixar o planalto central. As tentativas de relacionamento a distância não foram suficientes. Em uma cena emocionante, o jovem diz palavras de amor e liberdade para deixar a amada partir. Com a maturidade, Eduardo “aprendeu a beber, deixou o cabelo crescer e decidiu trabalhar”, mas tudo isso sem Mônica.

               O tempo serviu de inspiração para a médica largar o tão sonhado emprego e investir na carreira de artista, a mesma de seu pai. Ao retornar para Brasília, Mônica realiza uma exposição com a temática que ela mais entende: Eduardo. Sua arte é capaz de dizer tudo aquilo que passa por suas veias e seu coração. “E todo mundo diz que ele completa ela e vice-versa”. Eduardo e Mônica são um casal atemporal. Quem ouviu a música pela primeira vez nos anos 80 sentiu o mesmo que aqueles que nasceram até depois do fim da banda. Criou-se um imaginário popular em cima deles. A história dos opostos que se atraem. O relacionamento nascido em uma balada deu origem aos gêmeos e uma casa legal. A música nacional está em festa. E o cinema brasileiro resiste.​​

 

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