por Íngrid Lívero

          Na tarde do terceiro dia da FLIM, sexta-feira, 8, aconteceu a palestra de Luiz H. Fabiano, intitulada “Narrativas midiáticas e literatura de experiência: antídotos contra a mediocridade reinante”, que abriu espaço ao diálogo sobre a massificação da cultura (que, conforme o palestrante, destrói o que existe de mais profundo no material literário) versus a importância da literatura, a qual exige reflexão sobre aquilo que se aprende.

    Iniciando com agradecimentos aos colaboradores e inspiradores de seu livro “Metropolitanos”, em lançamento na Festa Literária, Fabiano abriu sua fala definindo seu eixo temático: o que é gerado pela mídia em contraposição à experiência de leitura literária. O palestrante comentou a respeito dos deslocamentos na construção poética, a qual instiga o leitor a refletir sobre “o que aconteceu aqui?”. Também explicou que o termo “medíocre” é tomado por ele como algo “mediano” ou “menor”, sem qualquer sentido pejorativo, ou seja, a concepção de literatura contra as formas reducionistas de massificação.

         Para falar sobre o enfraquecimento da experiência no mundo moderno, Fabiano citou Walter Benjamin e seus estudos sobre o tema. Nesse sentido, pontuou a constituição da narração como experiência de sobrevivência e dotada de uma dimensão épica. Em paralelo a isso, conceituou a indústria cultural como aquela que “impede a formação dos indivíduos autônomos, independentes, capazes de decidir conscientemente; é um fruto de uma razão instrumental para se produzir tecnologia”. Logo a literatura viria em contraponto como capaz de aprimorar o senso comunitário, a fim de evitar o empobrecimento desse senso.

           Dessa forma, compartilha que a massificação ocorre por uma literatura que é “vendida mais pelo seu valor comercial, pelo preço que pode ser veiculada e consumida, do que pelo amadurecimento estilístico, pelos conflitos que são evitados por ela”. Com o costume de se ficar no comum e no estilo alheio, Fabiano afirma que o leitor acaba por perder sua identidade própria, a qual deveria ser fortalecida para, consequentemente, haver um fortalecimento ético.

           O convidado citou ainda exemplos e aspectos positivos de certas obras, como Kafka, ressaltando que elas ajudam na expressão pessoal do leitor, além de colocá-lo em um movimento que não o seu usual, mobilizando novas possibilidades. A palestra se encerrou com um sumário da discussão realizado por Luiz Fabiano, afirmando que a literatura tem uma grande tarefa de criar expressividade, de gerar no ser humano senso de alteridade (a compreensão do outro), de forma que vá além da simples vivência imediatista.

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