por Felipi Yamabe e Íngrid Lívero  

 

          Já há um considerável tempo se estabeleceu, em nossa sociedade, a ideia da entrada na universidade como uma das maiores conquistas que podem ser alcançadas. A isso se somam os processos de institucionalização das escolas como ambientes nos quais os jovens encontram subsídios para a tão desejada aprovação no vestibular, além de toda a discursivização que torna a formação no ensino superior ainda um objetivo de caráter significativo e nobre aos que acreditam que podem e devem se constituir bons profissionais, em qualquer que seja a área de conhecimento. Contudo o que essa formação implica? Como se desprender do guia do professor de ensino médio e abruptamente tomar consciência de como caminhar por si só na aprendizagem?

           A Universidade Estadual de Maringá, conhecida pelos seus vários cursos de graduação, pós-graduação e ensino a distância, deu atenção especial a esse aspecto do qual poucos falam: a demanda de conhecimento em um tempo comprimido, restrito, somado à necessidade não-verbalizada do graduando de procurar suportes nos quais se apoiar para ter um desempenho satisfatório. É por esse caminho que os diversos programas gratuitos que auxiliam na formação dos alunos foram criados, e por formação a universidade pensa não só naquele estudante que busca atendimento como também naquele que irá oferecer tal guia. Nesse âmbito, os programas de Integração Estudantil (PROINTE) e de Monitoria merecem destaque na forma como ajudam os alunos a compreenderem conteúdos de diversas e diferentes disciplinas, complementando os estudos e contribuindo para a iniciação à docência.

        Note-se que a universidade trata não de professores formados quando diz respeito à oferta de atendimento extra nas matérias, mas sim de graduandos que trilharam, recentemente ou não, os mesmos caminhos de seus “calouros” e podem, de perto, compreender cada exigência de cada área do conhecimento e oferecer um suporte especial aos tão atribulados primeiros meses de aulas. É claro que as aulas disponibilizadas pelo PROINTE e pela Monitoria são estendidas à qualquer graduando ou pós-graduando que deseje adquirir um conhecimento maior de certa área, e é nessa simultaneidade de objetivos e práticas que os programas ganham força.

           Criado pelo primeiro ato executivo do ano de 2015, o Programa de Integração Estudantil (PROINTE) oferece aulas em forma de preceptorias de diversas disciplinas, aulas preparadas por um aluno preceptor sob orientação de um professor coordenador principalmente das áreas de Química, Matemática, Física e Estatística. Além destas, o programa também conta com as oficinas de Língua Portuguesa, Língua Inglesa, Língua Francesa e Matemática Básica, para as quais um cronograma de conteúdos é seguido a fim de melhorar as habilidades de escrita e leitura e de pensamento lógico-formal dos participantes, respectivamente.

         A coordenadora da área de Língua Portuguesa, a professora Eliana Greco, aponta alguns dos principais benefícios que os participantes adquirem durante as oficinas: “os alunos podem aprimorar suas habilidades de leitura e de produção de textos, bem como refletir sobre diferentes aspectos da Língua Portuguesa”. A professora ainda complementa com a informação que não é apenas os alunos da UEM que se beneficiam, mas também os membros da comunidade externa, uma vez que “o Prointe abre as portas a membros da comunidade que, além de participarem do programa como os alunos matriculados na UEM, também passam a ter uma vivência dentro da Universidade”. Ela também explica as vantagens dos acadêmicos que atuam como preceptores, estes que são contratados como estagiários e recebem uma remuneração: “os preceptores têm a oportunidade de ganharem experiência com o ensino ainda na graduação. Além disso, também têm a possibilidade de ampliarem seu conhecimento sobre o que foi aprendido em sala de aula”.

             No âmbito dos graduandos ouvintes dessas preceptorias e oficinas, o que se destaca é a organização dos conteúdos que estabelecem um paralelo com aqueles vistos nos cursos de graduação. De acordo com a aluna Juliana Ayumi, graduanda do curso de Letras que participou da oficina de Língua Portuguesa em 2018, “as aulas dadas contribuíram em uma das disciplinas da grade do primeiro ano chamada Oficina de leitura e produção textual em língua portuguesa. “Sempre com o auxílio das professoras que ministravam as aulas com bastante disposição, recebi ajuda na elaboração de textos mais completos e aprimorados”. A respeito dos métodos utilizados nessas aulas e do impacto que a participação teve particularmente, a graduanda ainda afirma que as preceptoras tornavam mediáveis os conteúdos e isso foi um ponto bastante positivo. “É muito mais fácil aprender uma matéria se tivermos professores dispostos a dar uma aula com dedicação, e isso não faltava nas professoras que tive na oficina. Deixo elogios ao programa e às preceptoras que não mediram esforços para contribuir com a minha formação”.

             Ainda com foco em como os programas assessoram os graduandos, a Monitoria – implementada pela resolução nº 014/2009 – trabalha por um viés semelhante de oferecimento de auxílio pedagógico. Sendo estabelecidas as sessões de monitoria cada qual em sua área e curso, os alunos que cursam as respectivas matérias tiram dúvidas e ganham explicações extras sobre quaisquer conteúdos.

            A direcionar o olhar para os monitores e preceptores atuantes dos programas, também existem exemplos e experiências compartilhadas que contribuem à imagem do trabalho. Para atuar como preceptor no PROINTE, o candidato deve, a princípio, estar cursando ao menos o 3º ano da graduação e não possuir pendências em qualquer matéria. Para ser integrante da Monitoria, igualmente, o candidato deve ser matriculado na graduação ou na pós-graduação da universidade, não possuir pendências disciplinares e dispor de tempo para dedicação ao programa.

              No que se refere a essa atuação, a aluna Luiza Prevedel, do curso de Letras e que trabalhou por dois anos como preceptora de Língua Francesa, afirma: “o PROINTE contribuiu em grande peso para minha formação como professora, tanto no aspecto de preparação de materiais, atividades e exercícios como na posição do ser professor diante de turmas de 20 a 30 alunos”. Ela ainda comenta que o programa oferece uma oportunidade ímpar de atuação em sala de aula no processo de aprender e ensinar um idioma novo, destacando os resultados satisfatórios observáveis a cada fim de semestre, além de ser de grande importância a participação dos graduandos. “Em tempos em que programas educacionais para a graduação estão cada vez mais escassos, a participação efetiva dos alunos tanto como preceptores quanto monitores deve ser estimulada”, completa Luiza.

           Uma experiência semelhante é encontrada na Monitoria pelo aluno Gabriel Tsuchiya, que atuou como monitor da disciplina de Linguística I por oito meses. Quando questionado sobre as contribuições pessoais e resultados de sua prática, também mencionou a proveitosa experiência de desenvolver a prática do educar, embora, em muitos momentos, tenha monitorado poucos alunos. “Aprendi muito com a experiência e muitos dos alunos que assistiam às aulas comentavam que tiravam notas boas nas provas, o que ressaltava o papel da monitoria, exposto pelos próprios alunos que afirmavam ter a possibilidade de estudar e entender algo que não haviam entendido na aula do curso”.

        Em suma, os relatos de graduandos preceptores e monitores procuram soar convidativos à participação, em qualquer modalidade, nos programas que vêm saciar a demanda de suporte pedagógico ao nível da graduação. Informações adicionais sobre os programas mencionados podem ser encontradas nos respectivos sites: sites.uem.br/prointe/ e www.pen.uem.br/deg/apoio-aos-colegiados-aco/normas-de-gr

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