por Isabela Cristo

            A manhã de sábado da FLIM recebeu Terezinha de Oliveira para a palestra “Ética e cidadania: o papel do livro e da leitura na promoção humana”. Terezinha é professora do Departamento de Fundamentos da Educação, da Universidade Estadual da UEM e, de acordo com suas palavras, transita nos diferentes âmbitos das ciências humanas. A professora explicou que ética e cidadania são temas que todos precisam pensar pois, segundo ela, “no tempo presente, nós temos muita dificuldade em entender o que é a ética e o que é cidadania. Naturalizamos como se sempre fossem as mesmas coisas durante todas as épocas e todas as sociedades”.

            Terezinha referiu-se a sociólogos e antropólogos para embasar sua fala e fez o questionamento: “a ética é uma virtude ou um respeito à legislação?”. Segundo ela, na atualidade, a ética está associada à lei, de forma externa ao homem e, desde que a ética está mais ligada à lei e afastada da virtude, é retirado dos homens a qualidade de bom ou de ruim. O princípio da palestra, segundo a professora, foi a retomada da ética de Aristóteles, que considera fundamental o conhecimento e a cultura dentro da sociedade. “Em uma sociedade em que precisamos da lei para sabermos o que é certo ou errado, é difícil saber o que é ético” afirmou ela.

            Embasando-se em Pieper, a professora comentou que todo agir humano com decisão e responsabilidade é ética, e que são os homens comuns que fazem a sociedade, porém questionou se os homens comuns realmente se veem como responsáveis pela sociedade. Levantou, ainda, que a prudência é a virtude primeira do ser, pois se o ser deixa de ser prudente, deixa, também, de ser ético. Segundo Terezinha, atualmente a sociedade não está pensando coletivamente, consequentemente, não está pensando eticamente, pois a população está pensando somente nas políticas que conferem à sua individualidade e não pensa em como isso pode interferir na vida coletiva.

            Seguindo com sua palestra, a estudiosa adentrou no assunto da cidadania, comentando que “só é possível pensar no conceito de cidadania se se pensar no conceito de sociedade, no espaço em que o homem vive”, e que esse conceito nos projetos político-pedagógicos está destituído dos conceitos de moral e ética. “Cidadão é o sujeito que vive numa sociedade e pratica atos prudentes visando a sociedade e a coletividade” comentou. Ainda segundo a professora, ser cidadão é ter responsabilidade e consciência social, e que o cidadão deve ser parceiro na sociedade, mesmo que cada um tenha uma função diferente.

            Terezinha finalizou sua fala afirmando que cada sociedade, cada povo e cada cultura tem um direcionamento diferente sobre ética e cidadania, e que essas não são apenas palavras, mas são conceitos e práticas da sociedade. “Só pode ser cidadão aquele que sabe governar e ser governado”, concluiu.

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