por Ana Caroline Almeida e Anna Clara Gobbi

         A implantação de mídias digitais na esfera pedagógica conquistou, nos últimos anos, a aceitação de professores e especialistas em aprendizagem. Escolas e universidades conseguiram inserir a tecnologia nas práticas de ensino de modo a estimular o interesse pelo estudo de forma segura e eficiente.

    Devido ao desenvolvimento das chamadas TIC (Tecnologias de Informação e Comunicação) aliado ao rápido e fácil acesso à Internet, o sucesso da modalidade de educação a distância está garantido. Tanto é verdade que, no Brasil, o EAD se fortalece e avança em ritmo mais acelerado que o ensino presencial. Para se ter uma ideia, esse último sofreu, em 2016, de acordo com o Censo da Educação Superior, uma queda de 0,08% nas matrículas, ao passo que aquele aumentou em 7,2%.

          A Educação a Distância foi implantada na UEM em 2011 e, hoje, está sob direção da professora Maria Luisa Furlan Costa. “Na Universidade Estadual de Maringá as regras [para ingressar na EAD] são idênticas para todos os cursos de graduação, independentemente da modalidade. O acesso ocorre por meio de vestibular, mas normalmente um vestibular específico para os cursos ofertados na modalidade a distância”, explica a coordenadora. Para o último vestibular (2017), foram ofertadas 1350 vagas distribuídas em 16 polos de apoio para os cursos de Bacharelado em Administração Pública, Licenciatura em Ciências Biológicas e Tecnólogo em Gestão Pública.

         O que confere sucesso à modalidade  é a oferta de uma grande oportunidade para aqueles que trabalham ou moram longe de um campus universitário. “Como eu trabalho e realizo outras atividades, me pareceu uma maneira bastante flexível dentro dos meus horários livres. Soma-se a isso, também, a questão da mobilidade urbana em São Paulo, e acabei vendo que a EAD era a opção mais viável para mim, no momento”, disse Rafaella Brito, estudante de Letras. Essa facilidade de estudar a qualquer hora ou lugar (que tenha conexão com a Internet), confere ao discente a oportunidade de controlar o próprio aprendizado, promovendo, assim, uma maior autonomia.

         Vale lembrar que autonomia não significa “menos esforço”, uma vez que o curso online demanda empenho, disciplina e diligência. “Percebi que uma tendência para o autodidatismo não é suficiente: o curso a distância exige uma grande disciplina – arrisco dizer que uma disciplina maior do que a que se exige no curso presencial, pois é você quem deve estabelecer horários e planos de estudo, e atentar-se aos prazos”, afirma Rafaella. Contudo, os estudantes não estão sozinhos. Contam com o apoio de telefones, e-mails, videoconferências, fóruns pela internet, ambientes de aprendizagem virtual que contribuem para a eficiência e a qualidade no processo de adquirir o conteúdo. “Assim, para além das relações virtuais, os alunos podem estar em contato com os colegas e os tutores nos polos de apoio presencial”, conclui a diretora do Núcleo de Educação a Distância na UEM.

          No módulo EAD, o papel do professor é diferente do módulo presencial. Há aquele que é responsável pela parte de criação de conteúdos que irão ser estudados, ou seja, o professor conteudista que, além de definir cada material didático, deve disponibilizá-lo nas plataformas. Diferentemente, o professor formador discute temas da disciplina nas aulas ao vivo.

           Já o professor tutor, por sua vez, assume o papel de um guia do aluno. É ele quem fica encarregado de realizar o acompanhamento completo do estudante diante dos conteúdos apresentados pelo professor. “O professor tutor é aquele responsável por prestar auxílio aos estudantes na plataforma virtual. Em geral, é aquele que corrige atividades, medeia discussões, encaminha dúvidas ao professor formador, etc.” explica Rafaella.

          Cada universidade possui uma singularidade para a abordagem EAD, não tendo, desse modo, um padrão a ser obedecido. As aulas, normalmente, são online, o que permite que os alunos – em grande número – possam acessar de diversas regiões do país a qualquer momento. As plataformas de aprendizagem, tais como Moodle, Dokeos, Teleduc e BlackBoard deixam o curso mais dinâmico, interativo e prático.

          O aluno dessa modalidade, na UEM, por exemplo, ao ingressar, recebe um livro didático para cada disciplina que está matriculado. As aulas, bem como os materiais didáticos, estão disponíveis no Ambiente Virtual de Aprendizagem Moodle. É errôneo afirmar, porém, que fazer um curso a distância limita-se a assistir videoaulas: há leituras complementares, atividades e pesquisas a serem realizadas. Para tanto, é necessário um nível básico de proficiência em informática, e um computador com configurações mínimas, tais como um navegador de Internet, pacote Office ou equivalente, leitor de PDF e uma plataforma de reprodução de vídeos. “Normalmente as instituições organizam momentos de capacitação para os alunos que ainda não tem essa habilidade”, acrescenta Maria Luiza.

       Ao compararmos a forma de apresentação do conteúdo, podemos notar uma grande divergência entre cursos presenciais e a distância. Em uma sala de aula do módulo presencial, por exemplo, quando está a turma toda junta, torna-se complicado, para o professor, acompanhar o nível de aprendizagem e elucidar os questionamentos de todos os alunos, uma vez que há aqueles que se sentem constrangidos em apresentar suas dúvidas diante dos demais. Diferente do módulo a distância que, durante as videoaulas, o aluno tem total controle do que está assistindo: pode pausar a fala do professor para tomar nota e assistir um trecho da aula quantas vezes se fizer necessário para seu entendimento.

          Além disso, hoje, com o avanço da tecnologia, já é possível criar conteúdos interativos que combinam o tradicional com elementos de interação, tais como perguntas de opinião, gráficos animados, gifs, efeitos visuais e sonoros. Para garantir ainda mais a eficiência e a qualidade de ensino, há editoras especializadas na criação de conteúdos e customização de livros para EAD, gerando, inclusive, bibliotecas virtuais.

           Se antes havia certa “descredibilidade” no mercado de trabalho, hoje, empregadores se veem mais receptivos com os profissionais formados a distância. O que não quer dizer que o preconceito esteja, de fato, erradicado. Porém, aos olhos da coordenadora do EAD- UEM, muitas vezes, o que vale mais é o nome da instituição que o candidato se formou: “Quando uma pessoa se coloca no mercado com um diploma da Universidade Estadual de Maringá, considerada como uma das melhores instituição de ensino superior do estado do Paraná, a modalidade de ensino se torna algo secundário”, argumenta.

           O diploma possui a mesma validade e, portanto, deve ter o mesmo reconhecimento. “Inclusive o diploma não deve identificar que o curso foi realizado na modalidade a distância”, acrescenta Maria Luíza. Apenas quem pode contestar a legitimidade de um diploma é o Ministério da Educação.

        Na prática, empregadores acabam por contratar aqueles que possuem competências cada vez mais valorizadas no ambiente de trabalho, como as habilidades tecnológicas, por exemplo, quando se destacam alunos da modalidade a distância. Os alunos acabam tendo maior proximidade com as tecnologias na medida em que as atividades são desenvolvidas, em sua grande maioria, nos ambientes virtuais de aprendizagem”, finaliza a professora Maria Luisa.

      O que antes era um sonho, agora torna-se uma conquista para os estudantes de todas classes sociais e de todas as regiões brasileiras, seja da zona urbana ou rural. A educação do futuro vem para aproximar o aluno da universidade, facilitando seu ingresso no mercado de trabalho, além de flexibilizar o tempo e estar ao alcance de todos.

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