por Ana Caroline Leite e Oscar Ribeiro

 

          Todo início de ano letivo há uma renovação dentro das universidades. Seja ele concomitante ou não com o calendário social, uma coisa é certa, o processo de renovação se dá por duas forças: por um lado o fim de uma etapa aos egressos (ou não, pois existem os que optam por continuarem a carreira acadêmica); e por outro lado, o início da jornada aos novos acadêmicos, os “calouros”.

            Neste ano de 2017, o calendário acadêmico da UEM, por pressões externas, teve seu início no mês de abril. A previsão é de que a universidade receba em torno de 2900 novos acadêmicos (isso se somado a oferta de vaga dos dois vestibulares relativos ao ano de 2017). Já por outro lado, os novos graduados somam 2081 egressos. A diferença é de quase 1000 estudantes (INGRESSOS x EGRESSOS). Tal fato deve-se pelas desistências, trancamentos e/ou situações que fazem com que o aluno deixe a vida acadêmica.

            Mas aos que continuam até se formarem, ou até mesmo aos que anseiam um nível superior, o que pode motivá-los, quais são às expectativas presentes neles?

            As expectativas exauridas permeiam a vida acadêmica e até mesmo o período de preparação para o ingresso na universidade. Sendo assim, idealizações e frustrações tomam parte na lida em busca do certificado de conclusão de curso. A estudante do ensino médio Isadora Rissardo, 16, quando questionada acerca de suas expectativas, conta que tem o desejo de estar em um curso superior, porém as cobranças são tantas (familiares, escola e até mesmo da estudante) o que pode afetar na escolha correta. Além disso, a estudante comenta que cursar o ensino superior está relacionado à responsabilidade, crescimento pessoal, de mundo e também às atribuições de preparo profissional que a universidade parece garantir, como afirmou: “No colégio você é obrigado a estudar o que lhe mandam, na faculdade vou estudar o que eu gosto. Vou me interessar por aqueles assuntos. Sentir que está fazendo a coisa certa, sabe? Que é o que você quer fazer, minha expectativa é me enxergar no curso, me ver trabalhando com aquilo. Além da faculdade ensinar aquilo que você vai trabalhar e como trabalhar com aquilo, ela também vai te ensinar a como conviver com os outros.”

          Enquanto se prepara para vida acadêmica, um estudante é tomado de expectativas que somada a pouca idade, como neste caso apresentado, faz-lhes sentir em instantes turbulentos. O que sobra é a esperança de que, após o ingresso na universidade, a coisa mudará. Entretanto, as dúvidas, as expectativas, as frustrações ainda consomem a quem já faz parte do meio acadêmico. A caloura Isabelly Franco, 17, do curso de Letras, expõe o seu desejo em gerar novidades, expandir habilidades e aprender a se expressar para lutar por suas crenças. E, tal como a primeira entrevistada, acredita que a universidade a proporcionará realizações internas, não somente profissionais e intelectuais, pois sair de sua zona de conforto é fator essencial para o início da vida acadêmica.

            O professor de literatura, Ricardo Lima, do Departamento de Teorias Linguísticas e Literárias (DTL – UEM), quando questionado sobre a vida acadêmica, afirmou notar uma expectativa muito comum nos primeiros anos de todo curso. Acredita que os alunos possuem uma vontade de querer mudar muito rápido, de ser uma diferença no mercado, na família, no mundo. Para ele, o aluno de Letras apresenta características bem marcadas, como sonhadores, engajados socialmente e que isso o encanta como docente. Além disso, o professor diz acreditar que a universidade é um bom caminho, pois, segundo ele, é nela que se aprende que às vezes as coisas dão errado, às vezes ouve-se um não e que falta de recursos e docentes também permeiam a realidade universitária. Ricardo complementa sua fala ao dizer: “O professor é pago ainda em sala pelos alunos e não pelo governo ou patrão (…). A recompensa se dá por um sorriso ou obrigado”.

 

 

2 comentários sobre “O que esperar de uma graduação?

  1. Uau!!! Acredito que o texto dialoga com os sentimentos de alunos de muitas outras instituições de ensino superior. Essa “guinada na vida” é uma expectativa da maioria que ingressa na universidade.
    Sou professora da UNEAL e, ao ler o texto, fiquei me perguntando como as expectativas dos alunos estão sendo consideradas por nós, docentes. É uma questão a se pensar, pois nesse ‘projeto de futuro’ traçado pelos alunos, nós estamos inseridos. Somos ‘uma parte’ importante na concretização (ou não) das perspectivas vislumbradas por eles. Gostei da forma de abordagem. O texto tem leveza! Proporciona uma leitura agradável e ao mesmo tempo promove uma uma reflexão séria! “Simbora”!!! Que o texto “deu pano pra manga”! rsssss

    • Olá Professora Jane Cleide
      Muito obrigado pelo seu comentário. Nós ficamos muito felizes em recebê-lo. Acreditamos que a pedra fundamental de qualquer relação é o diálogo. Por meio desse, podemos ouvir as histórias de três indivíduos que não se conhecem, mas compartilham anseios em comum. Os alunos entram cheios de sonhos, metas, perspectivas, e a grande vivência universitária se dá em sua plenitude quando esses anseios são atendidos (tais como os nossos vêm sendo). Imaginamos também que o professor ao compartilhar seu saber com o aluno torna uma relação além de mestre – aprendiz, mas algo que pode ser consideração como pai – filho. Afinal, só ensina quem ama

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