por Matheus Gomes e Ueysla Sinhoreto

A sociedade em que vivemos se caracteriza por estabelecer alguns padrões sejam eles de comportamento e de corpo físico ideal, sejam de formas de ver o mundo. Aqueles que não se enquadram nesses padrões tornam-se marginalizados, rejeitados e até excluídos do convívio social. Ao recorrer à história da humanidade percebemos que esse pensamento de exclusão ao diferente sempre esteve presente em todas as sociedades, pois ao longo do tempo produziram e produzem uma visão padronizada e classificam as pessoas de acordo com padrões de normalidade e se esquecem de que a sociedade é formada e construída pela diversidade. Para contrapor tal marginalização, foram criadas leis que garantem a inclusão de pessoas com necessidades especiais e o direito à acessibilidade, oferecendo-lhes suportes necessários para levarem uma vida normal.

A Constituição Federal estabelece o direito das pessoas com necessidades especiais de receberem educação, preferencialmente na rede pública de ensino.  A diretriz atual é a plena integração dessas pessoas em todas as áreas da sociedade. Trata-se, portanto, de dois direcionamentos principais: o direito à educação, comum a todas as pessoas, e o direito de receber essa educação, sempre que possível, junto às demais pessoas, não importa o nível de ensino..

Existem muitas razões pelas quais a inclusão social no ensino superior é importante, pois a conquista de uma vaga para ingressar em uma universidade pública é um grande sonho para muitos jovens brasileiros. Dominar o conteúdo exigido no vestibular, no entanto, pode não ser o principal desafio para a pessoa com necessidade especial. Há candidatos com diversas deficiências e as dificuldades começam quando chegam aos locais dos exames que, muitas vezes, não oferecem a acessibilidade necessária. Muitos alunos que precisam desse atendimento inclusive relatam que ao realizar a inscrição pelo site podem solicitar atendimento especial como sala de fácil acesso, mesas adaptadas e até mesmo uma prova adaptada. Porém, alguns tiveram a surpresa de não serem atendidos conforme foi solicitado, como foi caso da acadêmica Ingrid Francine Lívero Jordão que é cadeirante. “Quando eu fiz o vestibular a impressão que eu tinha era de que eles tentavam fazer a acessibilidade valer, faziam tudo certinho na inscrição, da pra você fazer tudo, pedir mesa adaptada, sala de fácil acesso, só que chegava lá no dia não era bem isso que acontecia já fiquei em sala no último andar de prédio”, relatou Íngrid, acadêmica da UEM.

A Universidade Estadual de Maringá (UEM) atende também a três alunos cegos e quatro com baixa visão.  Desde 1997, O Programa Interdisciplinar de Pesquisa e Apoio a Excepcionalidade (Propae), ligado ao Centro de Ciências Humanas, Letras e Arte (CCH), tem como o objetivo dar apoio a estudantes com deficiência em geral. Esse programa possui um regulamento dos procedimentos para o ingresso de pessoas portadoras de deficiência. O grupo é formado por professores de diferentes áreas para dar suporte aos portadores de necessidades especiais. Enquanto os estudantes de baixa visão recebem material de impressão ampliada, os cegos são atendidos com material em braille ou apoio em áudio. Como foi o caso da Brenda Leci Pereira Gimenez, que é estudante da universidade estadual de maringá, e nos relatou ter acesso à prova do vestibular em braile, além de disponibilizarem para ela uma assistente que, se necessário, lia a prova para ela.

“Quando eu prestei vestibular tinha dois estagiários do meu lado, estagiários que trabalham no vestibular, de pedagogia. Um ficava me observando para se certificar de que eu não estava colando e o outro ficava do meu lado para ler a prova para mim caso precisasse. Quando fiz a inscrição do vestibular eu pedi a prova em braile e uma pessoa que, se fosse necessário, lesse a prova para mim.” disse Brenda.

Ainda que a acessibilidade esteja sendo aplicada, ainda há muito a ser melhorado. A estudante Ingrid citada anteriormente também nos diz um pouco das dificuldades encontradas em seu primeiro dia de aula “Eu cheguei no primeiro dia de aula e  as gradinhas que dão acesso aos blocos, que impede passar moto e bicicleta estavam trancadas, não tinha como eu passar, teve que ligar pra vigilância, até eles acharem a chave para poder abrir ali, foi uma situação bem complicado para  primeiro dia de faculdade”.

Assim, é notório que a verdadeira inclusão ainda não se é praticada, tanto por parte da faculdade, visto que não consegue na maioria das vezes estrutura necessária para portar alunos com necessidades especiais, como também da conscientização das pessoas em reconhecer as diferenças existentes e aprender a respeitá-las.

Um comentário sobre “Inclusão universitária: um desafio a cada dia

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