Por Gabriela Pereira

Estava eu andando pelo centro da cidade, coisa que estava fazendo há não sei quantas horas, quando me ocorreu uma vontade inusitada de ir ao bairro que morei na infância, ele ficava na periferia da cidade. Quem sabe lá eu poderia ocupar a minha mente e esquecer o meu desespero de estar desempregado há algumas horas.
Então fui até o terminal, havia pegado a tal linha de ônibus que vai ao shopping, há um ano mais ou menos, mas o antigo ponto indicava que a linha ainda existia e que o ônibus passaria em vinte minutos.
Passaram-se vinte minutos e nada. Ao ver que havia um vendedor de passe e um motorista de ônibus conversando, perguntei:
– Que horas passa a linha rumo ao shopping?
O motorista respondeu:
– Daqui dez minutos.
Mas o vendedor de passe disse:
– Às vezes demora mais uns vinte minutos.
Esperei por meia hora e nada. Havia ônibus de determinadas linhas que já passaram três vezes. Então, depois de esperar por uma hora, fui falar, novamente, com o vendedor de passe:
– Moço, estou esperando há uma hora e meia, e a linha do shopping ainda não apareceu.
Então uma senhora que estava escutando disse:
– Essa linha não existe mais, mas há outras duas que passam no shopping também, no mesmo ponto final da que você está falando. A empresa de ônibus fez umas mudanças e cortes nas linhas de ônibus, e não se dignou comunicar a população, mesmo sabendo o quanto dependemos dela.
Depois de mais quinze minutos, chegaram os ônibus que a tal senhora havia me indicado. É engraçado pensar que se não fosse pela atitude de livre e espontânea vontade, que partiu dela, eu não teria chegado ao meu destino. Provavelmente, teria voltado deprimido pra casa, sem entender por que o ônibus não passou.
A atitude da senhora que me ajudou pode até ser considerada normal, mas para mim, que vivi tal situação, acho bem anormal alguém se compadecer do outro e ajudá-lo. Quantas vezes entrei no ônibus e os jovens que estavam sentados não levantavam para ceder seu lugar a alguém que precisava muito mais sentar. Quantas vezes vi pessoas correndo atrás do ônibus e ninguém gritou para o motorista parar para a pessoa entrar.
Atitudes de pessoas, como a da tal senhora que me ajudou, me fazem acreditar que ainda há esperança para a humanidade. Pois a empresa de ônibus da cidade tinha que ter tido a decência de comunicar a população e tirar a marca do ponto da linha fantasma, junto com o horário que também ainda estava fixado no tal ponto. Ainda há esperança para humanidade, ainda há pessoas que se importam em ajudar as outras, no fim, elas é que movem o mundo e o fazem girar pra frente!

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