por Gabriela Pereira e Isabela Cristo
Vivemos em um mundo em que não há uniformidade, e nem pessoas iguais ou pensamentos iguais. Nele a diversidade é cada vez maior e mais difundida. Diversidade que não é apenas de raça, crença, cultura e ideologia, mas de várias questões que fazem o mundo ser como ele é. O que seria da sociedade se tudo e todos fossem iguais o tempo todo? Segundo Mia Couto, biólogo e escritor moçambicano, “O que fez a espécie humana sobreviver não foi apenas a inteligência, mas a nossa capacidade de produzir diversidade. Essa diversidade está sendo negada nos dias de hoje por um sistema que escolhe apenas por razões de lucro e facilidade de sucesso”. Podemos entender, assim, que a diversidade sempre pairou sobre as civilizações, mas que a negação dela faz tudo virar de ponta cabeça e vigorar a intolerância, gerando o preconceito e transformando a diversidade em um monstro da atualidade. Nesta edição, portanto, O Consoante vem para mostrar que a diversidade existe e não é um mal para a sociedade, mas a sua essência.
Oscar Rodrigues e José Aurélio, no editorial opinativo, cuidam do eixo desta 5ª edição: a diversidade. Assim, representam a voz d’O Consoante tratando do tema como uma forma de engrandecimento do ser humano, a partir da igualdade e do respeito, sendo um benefício à sociedade como um todo. Como exemplo, apresentam dados do IBGE sobre a diversidade dentro da educação. Os editores defendem a ideia de que não deve haver nenhum tipo de segregação, reforçando o ganho que a sociedade recebe por não ser completamente igual, mas diversa.
Na primeira das reportagens, Letícia Terrazin e Vanessa Ferreira abordam “A diversidade de gêneros (literários) na (ciber)literatura”. Entram a fundo na questão do fazer literário e seus gêneros na contemporaneidade. Com base na diacronia, apontam que os gêneros literários variam e se transformam, chegando a ser introduzidos de diversas formas nas redes sociais. Ainda apontam que a ciberliteratura é recebida com algum preconceito por apresentar uma diversidade comparada à literatura que costuma reinar na sociedade. Por fim, apresentam estudos que apoiam os rumos que a literatura tomou nos dias atuais.
Allana Freitas e Fernando Prezotto em sua reportagem “Diversidade: adoção por casais homoafetivos” destacam o conceito de família. Trazem o posicionamento de especialistas no assunto quanto ao fato de que os casais homoafetivos não idealizarem o filho adotivo. Tais casais, segundo a reportagem, geralmente se mostram mais aptos a adotar crianças doentes ou mais velhas.
Everton Paulino e Karina Soares em sua reportagem: “Diversidade de gênero: diverge opinião, limita a equidade” destacam a polêmica votação do ano passado do Planos da Educação e a situação da diversidade de gênero quanto à maneira como a educação escolar deveria se colocar diante disso e o fato da Câmara Municipal de Maringá não ter aprovado o plano que estava sendo discutido para o reconhecimento de gênero dos alunos.
Ainda sobre o assunto inclusão na educação, Matheus Gomes e Ueysla Priscila Sinhoreto em “Inclusão Universitária: um desafio a cada dia” discorrem sobre a inclusão de pessoas com necessidades especiais e o direito à acessibilidade, a dificuldade que um deficiente tem para conseguir chegar ao ensino superior e se formar, além das dificuldades que esses alunos encontram durante o trajeto na graduação.
Íngrid Lívero e Lucca Portolese tratam na reportagem “A arte que não está sob os holofotes” sobre eventos artísticos e diversificados, a diversidade como parte da identidade brasileira, e o contexto e o conceito em que a arte está envolvida.
Ao entrevistar o professor André Luiz Antonelli, do Departamento de Língua Portuguesa, Samara Paes coloca em foco a diversidade linguística presente na língua portuguesa utilizada aqui no Brasil e como o brasileiro encara as mudanças que a língua sofre com o passar do tempo, sendo que a gramática não acompanha no mesmo ritmo. Além disso, Antonelli faz uma relação entre o complexo de inferioridade e as Olimpíadas, que fizeram com que os brasileiros tivessem mais contato com as línguas estrangeiras, as quais são consideradas mais prestigiadas e assim desvalorizam sua língua materna.
Assim, O Consoante espera com essa edição mostrar o quanto a diversidade deve ser valorizada e não tratada com desprezo, intolerância e preconceito. Fica o convite à leitura e a uma reflexão para temática tão importante.
Maravilhosa diversidade cultural, intelectual e expositiva. PARABÉNS!!!