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por Anna Clara Gobbi e Priscila Souza

 

           Não é difícil assistir a um filme que retrata uma pedagoga rodeada de crianças pequenas: quando Matilda entra na escola, no filme de 1996, a professora Honey é quem ajuda a personagem a enfrentar os dilemas familiares e escolares. Infelizmente, a associação errônea entre o Curso de Pedagogia e a formação docente ainda é muito comum em nossa sociedade.

            Embora o curso forme profissionais para atuarem em salas de aula da educação infantil e do ensino fundamental – do 1.º ao 5.º ano –, o conceito de “educação” vai muito além da sala de aula. É o que explica Fabiane França, graduada pela Universidade Estadual de Maringá (UEM), quando diz que existe a educação formal, sistematizada e organizada em um espaço escolar, e a informal, que, por sua vez, compreende as influências do mundo exterior.

              A professora Lucia Kawamoto, que cursou Pedagogia na UEM, reforça a importância desses profissionais para a educação de crianças em estado de vulnerabilidade. Para ela, porém, há um problema em relação a isso: as escolas e os professores ainda se apegam apenas aos aspectos cognitivos do processo de aprendizagem. “A maior queixa que eu ouço das minhas alunas é com relação a este processo. Elas não conseguem ver a professora tendo um apoio no trabalho com as necessidades especiais no sentido cognitivo”. Sobre isso, Lua Lamberti de Abreu, Mestre em Educação, defende que “a própria estrutura curricular das escolas, o ensino hegemônico e uma recente tentativa de militarizar e tecnicizar o ensino têm deixado a situação um pouco mais latente. […] A escola precisa se reinventar para caber nesses sujeitos também, ao contrário de tentar mutilar corpos e subjetividades para que as pessoas se adaptem.”.

          Nesses espaços de socioeducação, os pedagogos desenvolvem com os jovens em conflito com a lei a consciência da importância da reflexão antes de se cometer qualquer ato ilícito. “Não podemos pensar na escola apenas como uma reprodutora dos conhecimentos científicos historicamente acumulados”, argumenta Fabiane. Com essa preocupação, um dos objetivos das atividades que integram as práticas de formação na universidade é justamente manter o aluno em contato e em reflexão sobre as situações reais do mundo do trabalho em que se inserirá profissionalmente.

           Visando o planejamento, a supervisão e a orientação das atividades didáticas, o Curso de Pedagogia da UEM também oferece aos discentes a ênfase na Gestão de Projetos Educativos, além de proporcionar uma ampla visão da escola e dos sistemas educacionais. De acordo com o programa curricular do curso, essa linha de atuação integra “as diversas atuações e funções do trabalho pedagógico e dos processos educativos, especialmente no que se refere ao planejamento, à administração, à coordenação, ao acompanhamento, à supervisão, à orientação educacional e à avaliação em contextos escolares e não-escolares e nos sistemas de ensino e ao estudo e participação na formulação, implementação e avaliação de políticas públicas na área de educação”.

               Para que essa formação aconteça integralmente, além do Estágio Curricular Obrigatório, os alunos podem contar com vários projetos de pesquisa e de extensão, como é o caso do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (PIBID) e do Residência Pedagógica. Géssica Cristina, aluna do curso, conta que já participou de várias palestras e oficinas que a ajudaram a pôr em prática a teoria aprendida na sala de aula.

               Há ainda, como afirma Fabiane França, a pedagogia não escolar, a qual engloba as áreas empresariais, atuando na formação pedagógica dos funcionários de empresas. Além disso, a pedagogia tem uma área de atuação denominada Pedagogia Hospitalar, que busca dar assistência às crianças que estão impossibilitadas de frequentar uma escola, diminuindo, assim, os impactos da interrupção do ensino em suas vidas. Esse trabalho é realizado por meio do Serviço de Atendimento à Rede de Escolarização Hospitalar (Sareh).  Além da consequência já destacada anteriormente, a pedagogia hospitalar tem outro impacto: diminuir o estresse causado nas crianças ao longo do período de internação.

O Hospital Universitário de Maringá (HUM) conta com o projeto há 12 anos. Os pedagogos que ali atuam começam higienizando a brinquedoteca do hospital, onde são realizadas as atividades de recreação. Depois, o grupo passa pela enfermagem, para receber orientações acerca de quais crianças podem realizar as atividades e quais precisam permanecer em local isolado. Os resultados são muito positivos tanto para as crianças quanto para os profissionais que optam por trabalhar nos hospitais. Em uma entrevista concedida à Assessoria de Comunicação Social da UEM, Meire Calegari, coordenadora do projeto e docente da instituição, contou que é possível ressignificar o espaço hospitalar com esse trabalho, já que a dor e o sofrimento dão espaço à contação de histórias, aos jogos, às colagens e às pinturas livres.

A Pedagogia pode ser uma boa opção para aqueles que desejam fazer a diferença, pois o papel do profissional formado é ser relevante na sociedade, atuando em diversos meios, sendo base para a escolarização e a formação de crianças, de jovens e de adultos.

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