por José Aurélio de Oliveira e Fernanda Martins
Em setembro deste ano, o governo do Presidente Michel Temer apresentou a MP 746/2016, uma medida provisória que deve alterar a Lei Nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, a qual concerne às diretrizes e às bases da educação nacional. Segundo o Ministério da Educação, tal reforma, se aprovada, está prevista para entrar em vigor em 2018. Contudo, a possível implementação da MP gerou opiniões diversas, de um lado temos pessoas que acham que a reforma melhoria o nosso ensino, de outro, há quem acredita que isto seja apenas uma falácia, ou uma medida que não tenha a real intenção de melhorar nosso sistema de ensino.
O novo sistema funcionaria como um ensino voltado para a formação profissional do indivíduo, sendo, portanto, restrita para ensino médio. Sendo assim, apenas as matérias bases – Língua Portuguesa, Matemática e Inglês – seriam obrigatórias, visto que no campo profissional de, e até mesmo o pessoal, essas disciplinas são consideradas essenciais, independentemente da área escolhida. Com isso, matérias com conhecimentos mais específicos seriam optativas no contra turno. Tal possibilidade, segundo o Ministério, aproximaria o estudante de uma escolha profissional, de seus interesses e aprimorando seus conhecimentos sobre a área.
No entanto, desde quando o país se tornou República, foram feitas inúmeras reformas que conversavam a demanda da época. Uma dessas reformas importantes, e provavelmente polêmica para a época, foi a implantação do ensino público. Até a primeira metade do séc. XX, as escolas públicas estavam restritas às grandes cidades do país, o que também foi uma mudança, visto que anteriormente existiam apenas na antiga capital do país, Rio de Janeiro.
Com isso, permitiu a implementação de não apenas manuais educacionais, mas também Centros Regionais, os quais eram responsáveis pela realização do material pedagógico e do livro didático, além de serem incumbidos de pesquisarem as condições escolares e as tendências de desenvolvimento de cada região, a fim de elaborar uma política educacional diversificada para o país. Dessa forma, os centros eram responsáveis por promover cursos e aperfeiçoamentos dos funcionários das escolas. Ademais, é interessante ressaltar que durante esta busca por mudanças em nossos métodos de ensino era realizada em conjunto com organizações como a UNESCO.
Contudo, as reformas não pararam por aí e nosso ensino continuou a se modificar até chegar ao que conhecemos hoje. Não podemos deixar de citar também que mudanças como estas não são algo comum apenas para os brasileiros, nem ao menos uma tentativa de melhoria nos dias de hoje, podemos encontrar países que ainda passam por reformas educacionais, como a Finlândia. Reportagens recentes afirmam que o sistema escolar em diferentes países ou passaram por recentes reformas ou ainda estão em vias de mudanças. É o caso da Finlândia, que promoverá uma reformulação no currículo dos estudantes do último ano do ensino fundamental até o final do ensino médio.
De acordo com a diretora do Departamento de Educação de Helsinque, existem escolas que ainda usam métodos tradicionais de ensinos, os quais considera antiquados para o mundo em que vivemos hoje. O formato a ser adotado, e considerado adequado para o século 21, é o ensino interdisciplinar, consistindo, basicamente, no ensino de eventos e fenômenos por diferentes perspectivas (histórica, matemática, biológica, artística etc.). Os estudantes finlandeses poderão escolher os assuntos que mais os interessam, de modo que eles estejam um passo mais próximos de sua escolha profissional, assim como poderá acontecer com o Brasil.
O Brasil pode vir a passar por uma reforma que modifique muito nossa maneira de ensinar, se será para melhor ou pior, ninguém pode nos responder, mas devemos nos perguntar se esta reforma que estão nos propondo, cabe dentro da nossa sociedade, se ela irá suprir nossas atuais necessidades e será possível de ser aplicada em todo nosso território. Será que realmente precisamos de uma reforma que modifique apenas nosso ensino médio, ou precisamos que todo nosso sistema educacional seja revisto e modificado, desde os processos de alfabetização, até a entrada de nossos jovens em um cursos superior?