por Anna Larissa e Vitória Floriano

            O auditório Sertões da FLIM recebeu, na tarde ontem (21), a palestra intitulada “Quem tem medo do lobo mau?’’, com o mediador escritor Luigi Ricciardi e o palestrante Ilan Brenman, que nascido em Israel em 1973, veio para o Brasil aos 6 anos de idade. Brenman é formado em psicologia pela PUC-SP, doutor pela USP e publica livros desde os anos noventa. Ganhador de prêmios e com seus livros traduzidos em vários países da América, Europa e Ásia, o escritor tem hoje mais de 70 livros publicados.

             Brenman começou contando uma narrativa africana para mostrar que “a história, para os africanos, é o alimento da carne e do espírito para crianças, jovens e adultos’’. Disse que existem histórias boas e ruins e, para quem trabalha com crianças, é muito importante que se conte, tanto na oralidade quanto na leitura, histórias de boa qualidade e com conteúdo. Para ele, uma vez que “aluno significa, em latim, ‘aquele que é alimentado’ não ofereçam literatura de fast-food para as crianças, ofereçam literatura em banquetes: histórias que tragam folclore, mitologia e memória histórica”. O palestrante ainda frisou a importância de deixar o politicamente correto de lado na hora de contar uma história a uma criança, e no “banquete da literatura” oferecer também histórias que trazem reflexões sobre a natureza e a natureza humana, que façam as crianças pensarem. Brenman disse que as histórias que mostram como somos por dentro são essenciais para que a literatura acenda uma luz. “Mostre à criança uma literatura que fale dela mesma, por fora e por dentro”, frisou.

           O autor fez uma crítica às tentativas de mudanças de letras de cantigas e de histórias infantis por conta de uma onda politicamente correta que vêm se manifestando atualmente. Segundo Ilan Brenman, “se você roubou pão na casa do joão já está feito, isso não te tornará um ladrão, portanto não há mal algum em continuar cantando e contando cantigas como atirei o pau no gato ou brincar de polícia e ladrão, pois já está feito na história, isso não terá influência alguma na índole de quem ouve essas histórias, muito pelo contrário”

          Por fim, aconselhou os presentes para que todos valorizem a criança no momento de escolha e compra de um livro. “Escolhendo bem da mesma forma que fazemos para nós mesmos, pois a criança é sensível, crítica, sincera e inteligente muito mais do que imaginamos’’.

 

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