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Há exatos três meses, o Brasil contabilizava mais de 100 mil pessoas infectadas, com quase 8 mil mortes causadas pelo novo coronavírus. Naquele momento – aparentemente distante –, os cenários sanitário e político já eram desesperadores. Hoje, o país soma mais de 2 milhões e 800 mil infectados e em poucos dias atingirá um número estarrecedor: 100 mil óbitos. Nitidamente, perdeu-se o controle sobre a disseminação do vírus. O país passa pela mais grave crise de saúde dos últimos tempos, a qual foi e é acentuada pela falta de políticas claras e efetivas para o combate à pandemia, desde o seu início. Não há como deixar de mencionar o negacionismo frente à gravidade da doença por uma parcela considerável da população, que, acreditando tratar-se de uma simples “gripezinha”, seguiu sua vida normalmente, frequentando praias, bares, praças etc. em todas as regiões do país.
Em meio à elevação dos números de doentes e, infelizmente, de óbitos, notícias sobre desvios na área da saúde chamam – ainda mais – a atenção para o problema: a ganância por parte de integrantes da classe política brasileira foi paga com a vida de quantos cidadãos? Destaca-se também a ação do Ministério da Saúde, que ignorou diversos avisos de dentro da própria pasta para a possível falta de medicamentos essenciais ao processo de tratamento da Covid-19. O resultado? Já faltam medicamentos sedativos e antibióticos para tratamento e para intubação de pacientes em estado grave, isso quando não estão quase três vezes mais caros. Enquanto isso, a Cloroquina, cuja produção no laboratório do Exército aumentou em 100 vezes desde o início da pandemia, custando quase 1,5 milhão de reais aos cofres públicos, continua sendo defendida, ostentada, aplaudida e ovacionada. Cada um vive O Rei Leão que merece.
O cenário em si parece ruim? Ele pode piorar: o presidente, alguns governadores e prefeitos têm defendido a volta às aulas presenciais. Se isso parece apocalíptico no contexto de escolas privadas, as quais estão equipadas, prontas para receber os alunos, o apocalipse é real em escolas públicas cuja estrutura é insuficiente até mesmo em tempos não pandêmicos. Parece piada – de mau gosto, é claro – alguns estados, incluindo o Paraná, defenderem que uma fita de isolamento amarela é suficiente para evitar a propagação do vírus em escolas, que nem mesmo têm pia e sabão. Quem pode garantir que todas as regras de higiene serão mantidas?
Aliás, a discussão sobre o retorno ao ensino presencial não pode negligenciar outra questão fundamental: o contexto educacional que tomou conta do país neste ano, o qual somente escancarou as condições desiguais vividas por aqui. Sabe-se que as casas viraram salas de aula, que os professores tiveram a jornada de trabalho triplicada, que a saúde emocional foi afetada e, principalmente, que muitos alunos foram – ainda mais – prejudicados, principalmente os menos favorecidos socialmente. Se a Saúde não desenvolveu uma política de combate à pandemia, o Ministério da Educação (MEC) não o fez na sua área de atuação. É absurda, meses depois, a afirmação de que não sabem quantos alunos da rede pública estão assistindo a aulas online. Se órgãos do governo parecem sem rumo em meio ao caos, entidades civis buscam conhecer a realidade desse contexto escolar de excepcionalidade. Pesquisa (vide https://www.juventudeseapandemia.com/) realizada pela CONJUVE (Conselho Nacional da Juventude) com jovens de todo o país mostrou, entre outros resultados relevantes, que uma parcela significativa considera que escolas e universidades devem priorizar atividades que lidem com questões emocionais (ansiedade, estresse etc.). A preocupação com disciplina curricular ficou só em 3° lugar na pesquisa. Pode-se, assim, compreender que sala de aula não é apenas “vencer” conteúdos.
É claro que a escola não pode ser substituída por um computador. É óbvio que o contato é fundamental para os processos de ensino e de aprendizagem, da mesma forma que é nítido que voltar “ao normal” agora é temerário, mesmo que muitos – da turma do terno e da gravata, principalmente – defendam que a volta é segura. Tão segura que o Estado se exime, repassando toda e qualquer decisão de enviar os filhos à escola aos responsáveis. É o retrato do caos. No meio dele, após meses em que se vem buscando qualquer alento, o espírito que permanece latente é um só: sobreviver a um país governado por políticos cujos maiores objetivos são estar nas mídias sociais e ganhar seguidores e devotos, deixando as vidas que poderiam ser salvas em segundo – para não dizer último – plano. Definitivamente estamos vivendo o “salve-se quem puder”. E nem todos estão se salvando.
Excelente reflexão.
Muito obrigado, Maria Terezinha, pela leitura e feedback.
Além de um texto muito reflexivo, a imagem da criança neste balanço é bem forte. Matéria muito boa mesmo, que mais do que tratar do que seja a Educação, trata de vidas, na figura da criança, que estão sendo postas em jogo.
A reflexão iniciada pelo texto ‘’Pandemia: a educação sem saúde’’ é realista e eficiente em mostrar dados e informações a respeito da pandemia do novo corona vírus. Evidencia – com autenticidade – a falta de competência e seriedade do governo e o despreparo em relação à falta de implementação de medidas mínimas de saúde, como, por exemplo, o simples ato de reforçar como o isolamento social é importante. A saúde física, mental e social têm sido prejudicada desde o início da pandemia e reforçada com a falta de qualidade do ensino a distância.
Achei importante o posicionamento do Consoante, pois aponta para as falhas governamentais que estamos vendo nas pastas da Saúde e da Educação. Outro ponto com o qual concordo com o Editorial é que a volta às aulas está sendo defendida pelos governos federal e estadual, mas os governantes parecem não fazer a menor ideia de como é o funcionamento de uma escola, principalmente as públicas, e como os alunos – em função de suas idades e formas de se relacionar – se comportam.
Nesse momento, levantar tais discussões e apontar os erros daqueles que deveriam nortear com responsabilidade as instâncias da saúde e da educação faz-se extremamente necessário, deixando de lado toda e qualquer neutralidade antes assumida. É necessário tomar partido e posição frente ao panorama observado em nosso país, focalizando nossas lentes, sobretudo, para o caos social estabelecido – e aparentemente defendido – como aponta o editorial. Para além de discussões políticas, devemos nos voltar, agora, para nosso lado mais compassivo, buscando compreender o que de fato há de errado e estarrecedor na “normalização” de quase 100 mil vidas perdidas, na falta de ações efetivas de enfrentamento e nos incontáveis efeitos negativos dessa pandemia em um país historicamente lesado. Já não se trata somente de política há muito tempo, estamos enfrentando um momento de luto, mas também um momento de luta. Pela saúde e pela educação, mas, principalmente, pelos valores que nos tornam humanos em meio ao tempo ruim.
É muito importante artigos como esse, que apontem todos os problemas sociais, governamentais e suas consequências, como as que passamos agora. O texto entre outros assuntos aborda o absurdo da volta as aulas no Paraná, chegamos ao ponto do atual governador do estado pedir para pais de alunos assinarem um termo de responsabilidade e consentimento para isenção de culpa do estado. Infelizmente o ensino remoto nesse momento é necessário, mas sua baixa qualidade e organização piora uma situação que por si só já é extremamente problemática e que reflete cada dia mais o despreparo do governo.
É nítida a necessidade de derrubarem essa campanha de volta às aulas presenciais nos ensinos fundamentais e médio, pois não se pode garantir a não transmissão do vírus dentro das escolas, onde estes mesmo governantes não sabem sequer o número de alunos que frequentam as aulas online, quiçá saberão das medidas de higiene das escolas Brasil afora. Será preciso muita força, empenho e sensatez para lidar com esse período difícil, porque não será ozônio no ânus que nos fará voar para longe da pandemia.
A abordagem do autor apontou justamente os assuntos mais graves no estado do governo brasileiro, principalmente pelo paralelo da saúde e educação no Brasil. Enquanto há pesquisas e alertas feitos pela Organização Mundial da Saúde sobre o risco da volta às aulas para a disseminação da Covid-19, representantes públicos afirmam não possuir risco nenhum, provando que não têm nenhum conhecimento sanitário ou sobre a precariedade de diversas escolas públicas ao redor do Brasil. Portanto, para que em breve todos possam voltar “ao normal” é preciso, assim como sugere o texto, visarmos a saúde da população mais vulnerável, para só assim achatar a curva de vítimas deste vírus.
O editorial faz uma crítica muito bem pontuada, se os governantes se mostram negligentes com a questão da pandemia – mesmo sabendo que caminhamos para o marco de 100 mil óbitos – é trivial que não dariam a mínima para as condições emocionais dos alunos e estruturais das escolas diante da volta às aulas. O erro começou em terem mantido o ano letivo de forma remota, quando era evidente que um grande número de alunos não teria a possibilidade de participar de forma justa. Os dados são claros: 46 milhões de brasileiros não tem acesso à rede. Ao invés de pensarem nos jovens alunos que são o futuro do país, optaram por manter o ano letivo de forma desleixada, precarizando cada vez mais o ensino brasileiro.
Um texto que esclarece a situação atual da pandemia provocado pelo covid19, forma inicial de introduzir com números e dados sobre circulação transmite algo sério provoca a atenção ao ler todo o texto.
A população mundial está passando por um momento delicado, em especial o Brasil, devido ao governo e à morte de quase 100 mil pessoas. Tendo isso em mente, percebo que as aulas realmente não deveriam retornar presencialmente, primeiro porque a saúde mental da população está prejudicada, depois, a saúde física também será muito afetada. O povo brasileiro precisará de muita força para passar por essa situação, mas com foco e empatia nós conseguiremos.
Diante da pandemia que abala o mundo todo, o “desgoverno” que se instalou no Brasil nas eleições de 2018 escancarou ainda mais o seu despreparo e falta de políticas públicas para lidar com todos os âmbitos sociais. A educação e saúde que já estavam em estado de alerta, entram em um estado de crise e total falta de preparo. A sociedade brasileira vem tentando lidar sozinha com as dificuldades implementadas pelo vírus, com um governo e chefe de Estado que minimizam a todo tempo a situação.
A atual situação política do Brasil é um claro reflexo de movimentos ideológicos que regem o pensar coletivo da nação enquanto unidade, unidade esta inclusive fundada nas bases de interesses econômicos, os quais atendem às camadas sociais mais privilegiadas. Desta forma, é oportuno interpretar o interesse compulsivo do retorno às aulas como uma tentativa de continuar a manter a engrenagem girando: menos tempo perdido, mais rápida mão de obra. E quando se fala de mão de obra, refere-se à barata, afinal o escasso interesse do governo em propiciar educação de qualidade — como mencionado no próprio editorial, “o apocalipse é real em escolas públicas cuja estrutura é insuficiente até mesmo em tempos não pandêmicos” — é concomitantemente um forte interesse de manter as classes mais favoráveis estabilizadas, o que inclui os próprios representantes do governo e sua insistente luta pela preservação de salários. Como diriam As Meninas em Xibom Bombom: “o motivo, todo mundo já conhece: é que o de cima sobe e o de baixo desce”.