por Alice Stenzel

 

            O curso de Geografia foi criado em fevereiro de 1967, vinculado à Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras, com o nome de Departamento de Geo-História. Em maio de 1976, recebeu o nome atual e passou a integrar o Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes (CCH) da Universidade Estadual de Maringá (UEM).

           O curso de graduação em Geografia conta com duas habilitações de entrada única: a licenciatura, para os que objetivam a carreira docente, e o bacharelado, para os que almejam trabalhar como geógrafos. Os graduandos optam por uma das habilitações disponíveis somente no terceiro ano do curso.

           O Programa de Pós-graduação em Geografia da UEM (MGE) foi o primeiro em nível de Mestrado implantado no Paraná; suas atividades começaram em 1997. O curso de Doutorado ofertou a primeira turma em 2008. Atualmente, as linhas de pesquisa desenvolvidas em nível de mestrado e de doutorado são as seguintes: análise ambiental e produção do espaço e dinâmicas territoriais. “Além das duas linhas de pesquisa, temos a preocupação com o ensino e a formação de professores. São ofertadas duas disciplinas que tratam sobre o ensino”, explica o professor Claudivan Sanches Lopes, coordenador do Curso de Geografia.

              Para o desenvolvimento das pesquisas, o departamento conta com cinco laboratórios principais, sendo eles o Laboratório de Sedimentologia e Palinologia, o Laboratório de Pedologia, o Laboratório de Geoprocessamento I, o Laboratório de Dinâmicas Territoriais e o Laboratório de Biogeodinâmica da Paisagem. Em cada um, são desenvolvidas pesquisas relacionadas às áreas de atuação da Geografia. Além dos citados, o curso atua no Grupo de Estudos Multidisciplinares do Ambiente (GEMA). Recentemente, pesquisadores desse grupo, juntamente com pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) e com a cooperação da Prefeitura de Cruzeiro do Oeste e do Museu de Paleontologia da cidade, participaram da descoberta de uma espécie inédita de dinossauro no Paraná. Isso reitera a relevância do trabalho desenvolvido pelos pesquisadores deste e de outros laboratórios da universidade.

              O departamento conta com diversos projetos, programas e laboratórios que atendem a comunidade interna da UEM e ofertam serviços à comunidade externa. Um deles é a Estação Climatológica Principal de Maringá. A estação é uma parceria da UEM com o Instituto Nacional de Meteorologia (INMET), fundado em 1978. Conforme pontua o professor Claudivan, a estação realiza a coleta de dados sobre o clima de Maringá, os quais são disponibilizados a alunos, a professores e a pesquisadores; além disso, é locus de estágio para os graduandos e subsidia pesquisas de professores da UEM e de outras universidades. “O trabalho da estação é importante porque os dados permitem estudos de longo prazo, estudos confiáveis. Só é possível fazer afirmações confiáveis sobre o clima de um lugar a partir de trinta anos de estudo”, explica o docente.

               Outro espaço relevante vinculado ao Curso de Geografia é o Museu de Geologia, localizado no bloco J-01. O museu é lugar de pesquisa, de ensino e de extensão. Contando com o atendimento de monitores vinculados à graduação, o museu oferta cursos anuais aos professores da educação básica, nos quais são indicadas possibilidades didáticas mediante o acervo disponível no local. Dessa forma, os professores recebem formação para utilizarem o acervo e podem, inclusive, levar seus alunos para visitarem o museu, melhorando o ensino da Geografia e de áreas afins.

             Além disso, o Curso de Geografia possui uma empresa júnior, a CONGEOjr, na qual trabalham os próprios graduandos do curso. Em 2017, foi premiada como a melhor empresa júnior latino-americana durante a conferência MundoGEO#Connect LatinAmerica 2017, realizada em São Paulo. O foco de atuação da empresa está nos graduandos do curso de bacharelado. Bruna da Silva Piller, Ícaro da Costa Francisco e Marcos Cardoso Cruz dos Santos são alguns dos acadêmicos que trabalham na empresa. “A CONGEOjr conta com dois coordenadores, Juliana de Paula Silva e Eduardo Moraes, sendo a primeira coordenadora do projeto de extensão e o segundo orientador e responsável técnico pelos projetos realizados. Atualmente, a CONGEOjr possui doze membros de vários períodos da graduação”, informa Marcos.

           Quanto à atuação da empresa, Marcos explica que, “além da realização de serviços de consultoria ambiental, geomarketing, elaboração de mapas, CAR, PGRS, entre outros, a CONGEOjr se destaca por promover projetos de Geoturismo, uma atividade de aproveitamento turístico da variedade de aspectos abióticos da natureza como relevo, rochas, solos, fósseis e minerais, revelando seus valores, conteúdo e importância, e visando à conservação e divulgação desse conhecimento para pessoas de dentro e de fora do ambiente acadêmico”.

           Conforme Ícaro e Bruna, o público atendido pela CONGEOjr abrange acadêmicos de Geografia e de áreas correlatas, empresas da área ambiental e membros da comunidade externa que participam do geoturismo. Ícaro destaca que “o foco não é o lucro, mas sim a formação do geógrafo em suas áreas de atuação”. Bruna relata que seu trabalho na CONGEOjr propicia “outros olhares além da academia. Temos contato com a atuação profissional e experiência de como funciona uma empresa da nossa área”. Assim, a CONGEOjr presta serviços à comunidade interna e externa, bem como permite que os graduandos vivenciem a sua profissão.

             Na área de licenciatura, os estudantes têm a oportunidade de participar do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (PIBID), voltado a alunos do 1.º e do 2.º anos do curso, e do Programa de Residência Pedagógica (PRP), direcionado a alunos do 3.º e do 4.º anos do curso. “O foco [desses programas] é a ação na escola”, elucida o professor Claudivan. Heloiza Rodrigues Barbosa Xavier e Gabriela Martins Cessel, que cursam o 3.º ano de licenciatura, são bolsistas do PRP. Ambas as estudantes concordam que o programa oportuniza aos professores em formação a aquisição de novas experiências e de conhecimentos na área do ensino de Geografia. “Com o auxílio dos professores orientadores Claudivan Sanches Lopes e Leonardo Dirceu Azambuja e do professor preceptor Robson de Oliveira Lemes, desenvolvemos atividades de ensino e, de acordo com a temática proposta, pensamos a melhor maneira de adequar isso aos alunos”, explica Heloiza.

O público atendido pelo Residência Pedagógica são alunos de uma turma de 7.º ano do ensino fundamental de um colégio situado no município de Sarandi. “Como dito anteriormente, todas as atividades, incluindo as de planejamento, são orientadas pelos professores do programa”, ressalta Heloiza. “Regularmente, temos as reuniões do programa, em que há discussão de leituras e troca de experiências entre todos os alunos residentes do curso e professores, o que nos permite enxergar melhor e corrigir possíveis falhas que são, a meu ver, normais nesse processo de iniciação à docência”, declara a discente. Gabriela acrescenta o seguinte: “o programa contribui com a minha formação por proporcionar um convívio contínuo com a escola, os alunos e os demais funcionários. Além disso, as reuniões dos alunos e professores de Geografia inscritos no programa também contribuem para a minha formação. Nas reuniões, é possível compreender, compartilhar e aprender pontos de vista diferentes de ensino, didática e formação profissional”.

                A Estação Climatológica, os laboratórios do curso, o Museu de Geologia, a CONGEOjr, os programas PIBID e Residência Pedagógica e os demais projetos de extensão nos vários campos de atuação da Geografia fazem a diferença e impactam positivamente a comunidade dentro e fora dos muros da UEM. “Há a valorização da profissão docente, há o fomento de uma profissão que vai além da instrumentalização. Damos importância ao trabalho humano, aos valores éticos. Há uma dimensão política, no bom sentido da palavra”, conclui o professor Claudivan.

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