por Bruno Barra
A literatura como forma de resistência foi o tema de debate, no final da tarde de sábado (24), no estande (RE)EXISITIR da FLIM. Mediada por Jackson Pagani, a discussão teve a presença do professor Taciel Leal (UEL), cuja linha de pesquisa é literatura e direitos humanos, e a também da professora Marcele Aires (UEM) estudiosa das literaturas africanas e afro-brasileiras.
Taciel Leal iniciou sua fala com referência a autores americanos, por exemplo, Michael Cahbon, que já afirmou em entrevista que a arte sobrevive a tempos de violência. Leal citou também Jason Stanely, autor de “Como funciona o fascismo?’’. De acordo com o livro, nas palavras do professor, uma característica predominante em governos fascistas é a anti-intelectualidade. Além dos americanos, mencionou o búlgaro Todorov. Segundo Taciel Leal, este filósofo assegura que a literatura nos transforma a partir de dentro. Leal lançou ainda a questão de como se reagirá à extrema direita. “A literatura vai florescer porque é nesse momento político em que a literatura floresce, em momentos trágicos”, respondeu.
Já a professora Marcele Aires teve de responder ao mediador se lecionar literatura hoje é resistência. “A profissão mais revolucionária no país agora é ser professor”, afirmou. E seguiu dizendo que se faz necessário resistir através da educação. Para isso, segundo Marcele, existem subterfúgios: “usar a metáfora e o humor”. A professora procurou esclarecer que não defende a idéia de que pessoas mais escolarizadas são menos preconceituosas ou violentas e lembrou o caso de um doutor que há quatro meses matou sua mulher em Guarapuava. Marcele também rememorou que a literatura sofreu represálias na Era Vargas. Lembrou, inclusive, que na época havia caça aos livros, e uma das ameaças foi feita à biblioteca de Cecília Meireles.
Em seguida, Marcele Aires fez alusão à fala da professora e escritora Conceição Evaristo, na Pré-Flim, que afirmou: “Uma festa literária é uma forma de resistência”. A professora ainda ressaltou a importância de unir-se aos grupos mais vulneráveis, como os LGBT+. “A gente tem que continuar fazendo o que a gente faz, sem medo”, finalizou.