por Anna Larissa Rodrigues

           No estande REEXISTIR da FLIM, aconteceu, ontem (22), a mesa-redonda intitulada “Literatura e Ciência: um diálogo possível”. Compondo a mesa estiveram os professores do departamento de Física da Universidade Estadual de Maringá (UEM), Prof. Dr. Daniel Gardelli e Prof. Dr. Marcos Danhoni, com a mediação de Hugo Shigueo.

            Marcos Danhoni é escritor de livros técnicos e possui um livro de divulgação científica para crianças intitulado “O Mago que veio do céu”. Também escreve artigos para a Revista Fórum e para O Diário do Centro do Mundo. Danhoni iniciou a discussão apontando para o grande número de livros e filmes de ficção científica que procuram explicar a origem e os mistérios do universo. Citou, entre outros, “O Planeta dos Macacos” e “2001”. Daniel Gardelli,  participante assíduo dos clubes de leitura de Maringá, ressaltou que as ideias do filme “2001”, de Arthur C. Clarke, foram usadas posteriormente para dar início a pesquisas sobre o tema, mas alerta para que os interessados procurem os livros e não se contentem apenas com os filmes, onde a ciência sofre um processo de romantização.

            Para o físico Daniel Gardelli, a literatura esteve desde o começo conectada à ciência e exemplifica com “A Divina Comédia” (1321), de ‎Dante Alighieri, e “Os Lusíadas” (1572), de Luíz Vaz de Camões. Duzentos anos antes da Revolução Científica de Nicolau Copérnico sobre o Heliocentrismo, Dante Alighieri usava questões geocêntricas e astronômicas em sua obra, onde já discutia poeticamente também questões sobre a gravidade. Sua ideia sobre pêndulo foi usada depois por Galileu Galilei em seus estudos, segundo Gardelli. Bem como acontece em “Os Lusíadas”, onde as noções sobre geocentrismo e astronomia são essenciais para conduzir as navegações dos portugueses.

            As ideias científicas sobre anatomia também são colocadas em pauta quando os físicos explicaram sobre o romance “Frankenstein” (1817), de Mary Shelley, que investiga e extrapola os limites da ciência (não)conhecida da época. Marcos Danhoni explicou: “a autora aproveita ideias vitalícias na história de terror e isso promove a interação entre ciência e literatura”.

            Os professores finalizaram recomendando leituras que promovam o diálogo entre literatura e ciência, como obras de Italo Calvino e Ursula Le Guin.

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