por Thamires França
Hoje, dia 21 de novembro, teve início à Festa Literária de Maringá – FLIM, em sua quinta edição, com a mesa “A força da palavra do negro”, mediada por Alexandre Gaioto, no auditório Sertões, e contou com a presença dos escritores Paulo Lins e Cidinha da Silva.
Cidinha da Silva é formada em História pela Universidade Federal de Minas Gerais. Escritora desde 2007 com 13 livros publicados. Além disso, presidiu o Instituto da Mulher Negra e fundou o instituto Kuanza, que promove ações de educação para a população negra. Na FLIM, ela lançou dois livros: “Um Exu em Nova York” e “O Homem Azul do Deserto”.
Paulo Lins é roteirista, romancista e poeta carioca, formado em Letras pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. Estreou na literatura com o volume de poesias “Sobre o sol”, publicado em 1986. É escritor do livro “Cidade de Deus”, dando origem ao filme que em 2002 foi indicado ao Oscar. Em 2012 lançou o romance “Desde que o Samba é Samba” e trabalhou como roteirista em alguns episódios de “Cidade dos homens”, na TV Globo.
Na mesa, houve sessões de perguntas e respostas entre o mediador e os convidados, com discussões voltadas às publicações dos escritores convidados. “Tudo que a gente escreve tem muito da gente e assim são meus textos. Uma boa parte da minha observação de mundo é parte das minhas criações de mundo”, afirmou Cidinha. O mediador perguntou a Cidinha sobre a escassez de autores negros publicados e premiados no Brasil. “Há um desconhecimento muito grande em relação à multiplicidade de narrativas que nós construímos, porque as escritoras negras mais famosas do Brasil, por exemplo, escrevem narrativas diferentes e não podem ser colocadas em um bloco. As pessoas não conseguem ler a gente de maneira polifônica. Não é porque eu e o Paulo Lins somos negros que vamos ter a mesma opinião sobre as coisas”, disse a autora. A escritora ainda elogiou o livro “Cidade de Deus” do colega, pois para ela, há muita questão racial presente no diálogo entre as personagens.
Foi perguntado para Paulo Lins se ele se sentiu injustiçado por não receber o prêmio Jabuti pelo livro “Cidade de Deus”. “Não, pois tinha a questão do preconceito eu era muito novo, negro, favelado e, para mim, era um livro acadêmico. Eu não estava esperando o sucesso do livro e já sabia que não iria ganhar”. Também mencionou que demorou tanto tempo para escrever outro livro depois de Cidade de Deus, pois trabalhou bastante com o cinema, além de dar aulas e palestras.
A mesa terminou com algumas perguntas do público sobre racismo. Cidinha leu um conto de seu livro. Logo após, deram autógrafos e tiraram fotos com quem estava presente na discussão.