por Fernanda Martins e Oscar Ribeiro
A professora Alice Aurea Penteado Martha é uma grande pesquisadora da área da Literatura, com ênfase na Literatura Brasileira e na Infantil, suas verdadeiras paixões. Graduada em Letras pela Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Penápolis/SP, em 1969, para complementar a sua graduação fez duas especializações, uma concluída em 1975 e a outra em 1977, na Universidade Estadual de Londrina e na Universidade Estadual de Maringá, respectivamente.
Iniciou seus estudos na pós-graduação em 1984, tornando-se mestra em 1988 pela UNESP e, na mesma instituição, obteve o título de Doutora em Letras em 1995. A sua tese de doutorado, curiosamente intitulada “E O BOEMIO, QUEM DIRIA, ACABOU NA ACADEMIA…”, apresentou como foco o escritor brasileiro Lima Barreto. Mas não parou por aí… O ânimo e a sede de querer aprender sempre mais fizeram com que se aventurasse na literatura infantil na UNESP. Além disso, possui dois títulos de pós-doutorado (obtidos em 2004 e 2012) ambos pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul.
A sua incrível jornada docente na Universidade Estadual de Maringá inicia-se em 1978. Nessa época, o curso de Letras era formado por um único departamento e os professores tinham que dar conta das disciplinas que apareciam, o que não foi diferente com nossa personagem, lecionando língua portuguesa em outros cursos, como administração e ciências econômicas.
Aí você me pergunta: E o que mais se pode dizer de Alice? Alice Martha ganhou reconhecimento não apenas por suas pesquisas, mas também por seus grandes feitos dentro da Universidade. Foi uma das professora a compor o corpo docente do Programa de pós-graduação em Linguística Aplicada, juntamente com as professoras Maria do Carmo Turchiari (primeira coordenadora), Sonia Benites, Romilda Corrêa e Marilurdes Zanini. Uma das vertentes de ensino no programa era a literatura infantil que, segundo a professora, “as cabeças muito canônicas pensavam que eram uma bobagem”, e talvez isso dure até nos dias de hoje. Mas a nossa pesquisadora diz que não, pois no curso de Letras se formam professores, e estes atuam no ensino fundamental também, portanto terem o conhecimento na área de literatura infantil é, no mínimo, essencial.
Seja amor pela profissão, seja amor pela instituição, a professora buscou sempre aprimorar o que hoje é a 36º melhor universidade de Letras do Brasil. Fundou, juntamente com a professora Marilurdes Zanini, o Colóquio de Estudos Literários (CELI), em homenagem ao centenário de Carlos Drummond de Andrade. Com grande aceitação e presença de estudiosos, o projeto cresceu. Contando com a participação da área de Linguística, passou a se chamar CELLI. E quando ultrapassou as barreiras geográficas, o Colóquio tornou-se internacional. Hoje quem não conhece o CIELLI?
Além de todas essas conquistas, há 26 anos o gáudio toma conta da vida da professora Alice em participar de um grupo de pesquisa (nascido na Unesp) intitulado Leitura e Literatura nas Escolas, com o qual busca levar o mundo mágico da literatura para as escolas. Apesar da sua gênese ser em São Paulo, engloba nos dias de hoje muito além das fronteiras estaduais. Participam a Universidade Federal de Goiás, a Federal de Mato Grosso, a PUC-RS, a própria UEM e a UEL. Chegou até ao velho continente, onde o projeto ganhou uma característica Ibero-americana, sendo estudado também na Universidade de Santiago de Compostela, região da Galiza. Apesar de “espanhóis”, essa província se sente mais portuguesa, nas palavras de Alice.
Outro fato que nossa personagem fez foi de ser responsável por trazer na UEM, em 1987, o grande nome brasileiro de Estudos Literários, Antonio Candido, que, apesar de célebre, não era muito de sair da zona de conforto, ainda mais para vir em lugares interioranos. Colocando a UEM como um polo importante no âmbito nacional de estudos linguísticos e literários.
A professora teve sua aposentadoria expedida em 1997, mas vocês acham que foi fácil assim retirá-la da sua paixão que é ensinar? Não, não, não… Ela fez novamente concurso para professor colaborador ainda em 1997 e atuou nessa modalidade durante um ano. Em 1998, encarou novamente um concurso, agora na categoria de professora não titular, e está até nos dias atuais, completando incríveis 39 anos de docência na Universidade Estadual de Maringá. Alice Áurea continuará atuando na pós-graduação. Deixando a graduação para “os mais jovens”, conta ela, rindo. Tantos anos em sala de aula, tantas provas corrigidas, tantos sorrisos recebidos, formaram Alice, que, emocionada, disse: “Ser professor universitário é fazer, fazer e fazer. É isso que me move, essa vontade de fazer coisas diferentes.” E Alice não fez só “coisas diferentes”. Alice, você faz a diferença.
Muito obrigada a O Consoante pela leveza e sensibilidade do texto! Desejo que continuem firmes no propósito de escrever assim! Beijos a todos!
Non esquezan que forma parte da Rede temàtica de investigación “La Literatura Infantil y Juvenil del Marco Ibérico e Iberomericano” que dirixo onde segue a ser imprescindibel e que formou parte de juris de doutoramento na Universidade de Santiago de Compostela ( España) onde deixou pegadas do seu bo facer, da súa profesionalidade, ben reflectida no que antecede ao comentario. A miña admiración como mestra a seguir. O meu recoñecemento e a miña honra por considerala amiga.
Obrigada, Blanca! Lisonjeada e agradecida por sua amizade!
Homenagem merecida professora, você é realmente incrível, sempre faço propaganda de você para os que não tiveram o privilégio de tê-la como mestra.