por Allana Freitas, Karina Soares e Letícia Terazzin
O que você vai ser quando crescer? Essa é a pergunta que toda criança já ouviu ou vai ouvir ao menos uma vez na vida; é inevitável fugir, chegará a hora que a resposta não será apenas uma suposição ou um sonho, as crianças crescem e se deparam com a hora de responder o que mais interessa: o que eu vou ser quando crescer? Alguns escolhem ser médicos, engenheiros, arquitetos, advogados, contadores e outros resolvem ser professores. Mas professores do que? Há quem faça matemática, e além de professor é matemático, os professores de história ou historiadores, existem ainda aqueles que fazem biologia e são biólogos, ou quem sabe geógrafos, químicos, físicos. No meio de tanto professores com uma segunda possibilidade de profissão além da licenciatura, lembramo-nos dos professores de português, os que fazem Letras, eles são professores e professores; afinal não os chamamos de “letreiro” e também não são escritores. Mas afinal, eles são só professores, predestinados à sala de aula e nada mais? A verdade é que o universo vai muito além da sala de aula.
O curso de Letras oferece diversas opções de habilitação, há quem estude Português/Inglês, Português/Japonês, Português/Alemão ou até mesmo habilitações únicas, como o estudo apenas em língua portuguesa, italiana, espanhola, etc. Além disso, é preciso decidir entre licenciatura ou bacharelado. Sim, bacharelado, nem tudo é apenas licenciatura. Os estudantes que optam pelo bacharelado atuarão em áreas de conhecimento como: editoração, revisão de textos e tradução. A licenciatura, por outro lado, direciona o estudante para a área do ensino com mais veemência. Geralmente, os estudantes que se formam em cursos de licenciatura tornam-se professores de ensino fundamental, médio e superior (aqueles que optam por seguir a carreira acadêmica e de pesquisador). Em licenciatura teremos um número maior de matérias pedagógicas e em bacharelado a ênfase na tradução da língua escolhida ou algum aperfeiçoamento mais crítico e profundo da língua nativa para quem opta, por exemplo, pelo português único. Na Universidade Estadual de Maringá encontramos as seguintes habilitações: Única em português e Única em inglês (os formados nesse curso saem portadores de diploma em licenciatura e bacharel) e as habilitações duplas: Português/Francês e Português/Inglês, das quais os alunos saem com diploma apenas de licenciatura, podendo ser professor de português e do outro idioma escolhido.
Para Estela Santos, mestranda em Estudos Literários pela Universidade Estadual de Maringá e graduada pela mesma instituição, o curso de Letras volta-se com mais profundidade em questões da língua, o que certamente não é tão atrativo para os amantes de literatura. Ela comenta que entre as habilitações de Letras que podemos encontrar na UEM, a de Português Única tem mais matérias de literatura que as demais habilitações. Agora, formada, Estela diz que se preocupa com a situação dos professores no Paraná e no Brasil. Com as condições precárias de trabalho. Ela desabafa que precisamos de pessoas que apostem na carreira e lutem por condições melhores.
Atualmente existem espalhados pelo Brasil mais de 1000 cursos de letras, divididos em ensino presencial e a distância, englobando licenciatura e bacharelado em diversos idiomas. É certo também, que há uma grande taxa de cursos sendo “desativados” pela crescente desvalorização do profissional da educação no Brasil, devido aos baixos salários e as dificuldades que os professores encontram em sala de aula, decorrente da não valorização na educação. É necessário entender que o profissional da área de Letras, seja ele professor, editor, redator ou tradutor não é o de eliminar erros gramaticais ou esclarecer o sentido de textos mal formulados, mas sim trabalhar como mediador dos processos comunicativos, de estudar a própria língua e a capacidade de comunicação do homem.
Para aqueles que não querem ficar apenas em sala de aula, o caminho talvez seja mais longo. São necessários cursos de especialização, mestrado, doutorado e até pós-doutorado em diversas áreas, lembrando que nesses casos o profissional atua também como pesquisador. Mas sem dúvida ainda hoje a maioria dos formados seguem o caminho do magistério e se voltam para as salas de aula, mas por vontade e não por falta de campo de atuação.