OC: O 26º fórum acadêmico de Letras aconteceu nos dias 7,8 e 9 de Outubro na Universidade Estadual de Maringá. Como surgiu a ideia de trazer este evento para nossa instituição?
Roselene: O idealizador do projeto foi o professor doutor Valdir Heitor Barzotto, antigo professor da Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste) na década de 90. Ele começou o projeto na Unioeste e durante todos os anos o evento se move para várias partes do país e atualmente também para a América Latina. O professor Valdir comentou comigo sobre o Fórum Acadêmico de Letras, aceitei e decidi trazer a edição 2015 para a Universidade Estadual de Maringá (UEM).
OC: Ter a responsabilidade de organizar um evento nacional para acadêmicos de Letras deve ser trabalhoso. Quais foram as dificuldades de organização?
Roselene: Sim, foi trabalhoso. Sempre a maior dificuldade é o dinheiro, mas nós conseguimos verbas da CAPES para poder trazer os convidados, pagar passagens aéreas, hotel e alimentação. Sendo assim, a primeira maior dificuldade foi conseguir o dinheiro. Também era importante pensar que o evento era para alunos da graduação. Não poderíamos cobrar uma taxa tão alta. Claro que o ideal seria que não tivesse taxa nenhuma, mas não tem como, precisávamos do dinheiro para investir no próprio evento porque sempre haverá imprevistos, por mais que nos organizássemos, como por exemplo, um equipamento não funcionar. Esses imprevistos vieram mais de ordem estrutural do que de ordem pessoal, porque a equipe que trabalhou comigo foi fantástica. A comissão da organização foi ímpar, tanto os colegas professores quanto os alunos, sem contar os monitores que estavam perfeitos também.
OC: Então houve bastante patrocinadores?
Roselene: Nós tivemos a CAPES (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior) como dito anteriormente. Este órgão Federal nos ajudou financeiramente; a Caixa Econômica Federal nos ajudou com as pastas e canetas; a empresa Águas de Sarandi, por intermédio de uma aluna, nos forneceu água para servir no evento; o Departamento de Língua Portuguesa da UEM e o professor presidente da Associação Nacional do Programa de Graduação em Letras também me ajudou bastante pelos “bastidores” com relação ao projeto.
OC: Pudemos observar que houve número significativo de comunicações e oficinas, mas a demanda de alunos não correspondeu a este acúmulo de atividades. Essa evasão é de cunho organizacional ou falta de interesse dos próprios alunos? Ou a greve pode ter atrapalhado?
Roselene: Eu creio que sim. Eu não sei porque não fiz uma pesquisa com os alunos, pois penso que a maior parte entendeu que era uma continuidade do recesso, algo como “ah, não vai ter aula, vai ter o evento, então eu não vou, eu vou ficar mais uma semana em férias”, o que eu achei uma lástima, afinal, nós não temos eventos só para graduação. Assim, creio que o lado negativo foi que os alunos não entenderam que o evento era para eles, por outro lado, o lado positivo, é que aqueles que participaram com as comunicações e aqueles que participaram das oficinas saíram elogiando muito, porque eles tiveram a oportunidade de mostrar o que fazem e tiveram a oportunidade de aprender também. E foi uma pena ter conferências com salas esvaziadas porque os participantes vieram questionar o tipo de pesquisa que fazemos aqui e qual o fruto dessas pesquisas para a sociedade. Foi uma pena, mas junto a eles vieram novidades em relação aos campos teóricos. Assim, valeu a pena por aqueles que participaram.
OC: E atingiu o número de inscritos que vocês estimavam?
Roselene: Sim, atingiu. Como me parece que há 900 alunos, nós tivemos por volta de 200 , a gente estava imaginando de 200 a 300.
OC: Houve a participação de alunos de outras universidades?
Roselene: Sim, mas também houve evasão, o que aconteceu por conta de problemas econômicos. O que dificultou foi o corte de verbas nas universidades federais. Organizei lugares para alojar essas pessoas com pouco dinheiro mas não havia ônibus para trazê-los. Mas tivemos um número considerado de participantes da USP, do Triângulo Mineiro, Pará e Amazonas, sem contar os alunos da própria UEM.
OC: Quais foram os objetivos pensados antes do evento?
Roselene: Basicamente o que fizemos: privilegiar os alunos da graduação e pôr a pesquisa em questionamento.
OC: Esses objetivos foram atingidos?
Roselene: Foram atingidos. Mesmo não atingindo o número esperado de alunos da graduação, os objetivos essenciais do evento, principalmente daqueles que participaram, foram atingidos. E muitos professores deram oficina, mesmo que não tivesse sala lotada, os alunos elogiaram muito. Eu tenho recebido e-mails de professores que adoraram, agradeceram e parabenizaram o formato do evento. Todos que participaram de oficinas vieram elogiar. A minha orientanda de doutorado ofereceu uma oficina e falou que teve alunos que começaram a se interessar por pesquisas. Sem contar que a participação dos alunos integrados nos projetos PIBID, PIC e PIBIC, tiveram uma mesa para debate, tornando um espaço democrático para dar voz aos graduandos. O que me surpreendeu também foi o número de alunos inscritos para a comunicação, foi superior ao que eu imaginava. Houve pessoas que não estavam avaliadas no PIC, PIBIC ou PIBID que haviam feito um trabalho bem legal em sala de aula e apresentou do mesmo modo. Os professores que vieram de fora, que assistiram algumas comunicações, elogiaram bastante a densidade dos trabalhos, a competência dos alunos. Então houve bastante aspectos muito positivos do evento. Eu vou ser sincera que eu fiquei um pouco frustrada por muitos entenderem que era uma continuidade do recesso, mas ao mesmo tempo eu fiquei muito satisfeita e realizada por aqueles que participaram.
OC: Quando será o próximo FALE?
Roselene: Ano que vem será realizado na Unioeste em Marechal Cândido Rondon. Pretendo mobilizar os alunos da UEM para irem. A futura coordenadora, a professora Rita Bodega, ficou de tentar conseguir alojamento para os alunos.
Karina Soares e Mariane Maibuck